PAVANA PARA UM TREM MORTO

amiga rosa,

uma viagem, sim, feita num vagão de um "trem defunto", já que, para a poesia, existe esta possibilidade. obrigado pela leitura e comentário. depois de quase dois meses de silêncio, sem escrever absolutamente nada, veio-me este trem. morto, mas veio.

carinho,

j.

gladys, querida amiga,

talvez você tenha razão e este meu trem morto seja aquele alegre trem de ferro de manuel bandeira - um poema que marcou na obra do grande poeta. mas, fora a imitação do ritmo, há algumas diferenças entre esses trens. como lhe disse, o de bandeira é alegre e a cena se passa numa época bem distante. este meu tem dois mortos como personagens - o trem, que, para morrer, recebeu tratamento humano, e o maquinista. o trem morreu por antiguidade, talvez desuso. virou assombração. mas para torná-lo assombração, tive de ressuscitá-lo durante o poema, dando-lhe forma humana. o trem, aqui no meu poema, não tem passageiros - porque ele é o passageiro, da vida para a morte.
obrigado pela leitura e pelo comentário.
carinho,
j.

ps: mesmo depois do bandeira, vários outros poemas aparecem imitando o ritmo do trem: Vou danado pra Catende, de Ascenso Ferreira, Trem da Leopoldina, de Solano Trindade e mesmo a canção Pedro Pedreiro, de Chico Buarque, com o seu final "que já vem/que já vem/que já vem..."

Sim, o seu trem não é alegre, mas eu me referia àquelas caracteristas que citei no comentário anterior.rs... O seu poema não é paráfrase nem paródia do "trem de ferro", fora o ritmo do barulho de trem. Obrigada pela informação, grande Júlio Saraiva!

beijo

amigo Caopoeta,

depois de uns meses sem escrever absolutamente nada, este trem me aparceu de madrugada, assombrando a minha pobre insônia. obrigado, meu amigo pelas palavras.

abração,

j.

olá, betha:

fiquei uns meses em jejum poético. o trem surgiu me assomnbrando a madrugada insone, com seu maquinista que deve ter escapado de algum purgatório.

carinho,

j.

conceição, minha amiga,

morto sei que este meu trem não está, porque fazia três meses que eu não escrevia nada. até que anteontem, durante a madrugada, ele entrou com tudo, assombrando a minha insônia.

carinho,

j.

maria joão,

acho também comboio uma palavra bonita, mas, claro que você sabe, não produziria o mesmo efeito que trem, no caso deste poema. e,além da questão sonora, eu ganharia mais duas sílabas. pra onde vai, pra foi este trem defunto, eu não sei. mas sei que, numa recente madrugada, parou às cinco da matina na estação da minha insônia e depois partiu.

beijo,

j.

maria ivone,

este trem passou de madrugada pela estação da minha insônia. depois de três meses sem escrever um único verso. para onde seguiu este trem, agora não sei mais. perdi-o de vista.

afeto,

j.

amigo domingos,

fico feliz por saber que este meu velho trem lhe trouxe boas recordações. aqui também algumas dessas máquinas hoje servem de peças de museu ou são "desenferrujadas" para passeios de fins de semana. minha primeira viagem, conta minha mãe, com poucos meses de vida, foi de trem. e, diz ela, bastante trágica, porque eu vomitei muito. este trem do poema, no entanto,tem para mim um significado especial: estava há dois meses sem escrever um único verso, o que já começava a me agoniar. este poema, que denominei pavana, porque acho que tem alguma coisa de dança, saiu-me na madrugada desta quarta-feira, enquanto eu fumava e conversava com a minha insônia. posso dizer que, fato que quase nunca me ocorre, apareceu praticamente pronto. escrevi-o falando.

abração,

j.

zé,

como disse ao domingos, eu estava há quase três meses sem escrever um único verso. este trem me apareceu de madrugada, no meio da insônia, com a televisão ligada: comecei a ditá-lo para mim mesmo. talvez seja de todos os poemas meus o único que nasceu pronto, sem que eu fizesse uma só alteração. pode até ter "baixado" alguma coisa em mim. juro que eu não estava bêbado. agora, velório sem cachaça, meu irmão, tô fora.

beijo,

j.