Poemas : 

Aeternum

 
Aeternum

Claridade. Claridade. Claridade.
A ti clamo com gritos estridentes para que venhas
e exorcizes as minhas trevas.
Sê luz nos domínios obscuros dos meus pensamentos e arde agora,
junto com a minha Alma.
Sê o bálsamo e o aconchego nos meus dias de Inverno,
quando neva e chove dentro de mim.
Se pela beleza não te consigo possuir,
de que vale ser luz se não te consigo guardar.

Olho o mar, neste dia negro, de cinza obscurecido.
Peço-te irmão que me dês abrigo e que minha alma acalmes.
Fui tempestade e pássaro liberto,
nas profundezas dos mares e meus olhos estão agora submersos
e não se acalmam com o movimentar do vento.
E o mar está tão agitado e meu coração não o segue.
Tudo em mim está em paz e não mais acalmia deseja.
As ondas que dão à costa lembram-me de ti
e encontro mais uma razão para chorar.
Desta vez perco-me na alva espuma cor de neve
que balanceia entre as pupilas do meu olhar.
E danço a dança das gaivotas na crista das ondas.

Meu irmão dá-me abrigo que eu já me esqueci.
E meu peito abre-se ao vento e deseja a tua canção.
Está frio lá fora e o vento teima em entrar e chama por mim.
E o mar está cinzento, como o céu sobre ele.
No meu peito aberto mora a melodia e o vento.

Estou aqui sozinho, abandonado no destino.
Sinto-me só. Sinto-me tão só,
como o crepúsculo no interior de uma negra floresta.
Tão só que a solidão já não me quer e me abrasa por dentro
e me dilacera e arranca de mim palavras de loucura,
de sabor a fel e medo,
que não mais desejo guardar.

Palavras agrestes de vento e fúria vestidas.
Desejos insanos que me perseguem.
Quando para casa voltas?
Diz-me se o recordar dos enterros
e os ciprestes ainda rondam o pátio de tua casa.
Diz-me se os ventos já se acalmaram,
se trazem notícias de mudança.
Diz-me quando regressarás a casa,
agora que afastei os negros espectros do Altar da minha alma
e não mais velas de branca cera ardem no Santuário do meu corpo.
Anseio tanto pelo teu regresso.

Já me esqueci de dizer ao sol para nascer.
Parto melodias em mil pedaços e retalho tecidos com teu sangue.
Procuro luzes na escuridão e trevas no nascer do sol.
Luto com as palavras.
Rendo-me ao som do vento.
Ouço vozes na alvorada e pinto as madrugadas de santidade.
Visto-me de doce e de amargo.
Mas nada tem sabor.
Tudo está morto e nada vive.

 
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jomasipe
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Enviado por Tópico
HorrorisCausa
Publicado: 08/10/2009 14:33  Atualizado: 08/10/2009 14:33
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 Re: Aeternum
vives nas tuas "aeternum" palavras.

osculum