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Meninos de rua

 
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Correndo pela rua,
Meninas e meninos, descalços,
Disputam espremidos,

No caos da vida urbana,
Os parcos espaços.
Em uma infância, tolhidos.

Podem vir do subúrbio,
Ou dos rincões do país,
Inserindo-se precoces
no duro cotidiano.

Nascendo de ventres de fome,
Na antecipação da dor, do presságio
Do abandono, uma vida ceifada,
reduzida a cada ano.

Precoces vendedores,
Comprem senhores, balas,
chicletes, cocadas.
Esmeram-se na arte de convencer,

De contar seus dissabores,
Somente pedem,
mas querem ser crianças amadas,

Seus olhares desconcertam,
para não arrefecer,
Buscam na venda de balas,
pão e leite para o porvir, não pedem favores.

Estranha pátria transforma em paria,
Os germens da esperança,
Desempregam os pais,
desintegram laços familiares,

Retirantes, sobreviventes,
faixa se amplia, na miséria,
Maria, Aparecida, José, Raimundo,

E o que eles fariam sem a criança,
Sem lares, que nos incomoda
a cada dia nos semáforos, nos bares...

Inventam programas, nomes pomposos,
surgem bonitos rostos,
Vozes clamam, gestos acenam,
de repente nos sentimos benfeitores,

Nos investimos de salvadores,
mas só por um instante,
Voltamos à nossa rotina por um tempo,
contritos, mas sempre aflitos,

Hipocrisia de um modo de viver injusto,
réus confessos,
Na indiferença, no individualismo,
na exclusão diária na qual somos atores,

E insistimos nesse sórdido papel,
escravos de uma sociedade de consumo...



AjAraújo, o poeta humanista, escrito em março de 2002.
 
Autor
AjAraujo
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Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
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Enviado por Tópico
serenasemoções
Publicado: 16/10/2009 11:19  Atualizado: 16/10/2009 11:19
Muito Participativo
Usuário desde: 25/09/2009
Localidade: Leiria»»»Portugal
Mensagens: 98
 Re: Meninos de rua (pelos pais e por nós abandonados)
Parabens ARAUJO.

Grande lição de civismo e humanidade.

********************()********************.

»»»»»»»»»»MENDIGOS««««««««««.
desci na profundidade do ser avistei antigas quimeras***.
tempos conturbados talvez resultado de outras esferas***.
vi seres baralhados viviam em profunda solidão***.
seres famintos infelizes mendigavam para seu pão***.
tentei ajuda-los,estendi a mão,não lhe consegui chegar***.
não consegui entrar em seu tempo ,me prostei a chorar***.
incredulo e cabisbaixo voltei ao presente ,á realidade***.
hoje quando olho os mendigos não aceito essa verdade***.

BY:»»»CARLOS TAVARES

Enviado por Tópico
Álvaro
Publicado: 03/02/2015 00:06  Atualizado: 03/02/2015 00:06
Da casa!
Usuário desde: 02/09/2009
Localidade: Serra Talhada - Pe
Mensagens: 268
 Re: Meninos de rua
E é assim que foi, é, mas um dia não será. Boa reflexão! Parabéns

Enviado por Tópico
Semente
Publicado: 03/02/2015 00:24  Atualizado: 03/02/2015 00:24
Membro de honra
Usuário desde: 29/08/2009
Localidade: Ribeirão Preto SP Brasil
Mensagens: 8560
 Re: Meninos de rua
Belo poema social, que me encantou, poeta!

Dia chegará, em que a Educação, a mesa farta de livro e pão, e um lar de amor, se fará realidade no mundo. Um dia. Por esse momento, ainda não. Parabéns !

Abraços!