Não sei até que ponto
É que me apetece escrever
Talvez nem me apeteça
Talvez seja só o esforço
De me apetecer.
Sei que não posso dormir
Há uma necessidade dorida
De descansar
Mas não tenho sono.
Enfraqueço a Coragem
A força da Vontade
A Determinação do Eu…
Mas parei de escrever!
Faltam-me as metáforas
Os adjectivos
E os verbos de enfeitar.
Quero sujar o papel
De tinta ejaculada do meu fracasso
Mas as palavras certas
Não me ocorrem.
Um Homem
Se pensa em escrever
Faz como eu
Verte a distinção
Na velha folha de papel
Manchando-a de Verdades
E de Sentimentos
E de Vontades repartidas
Entre vírgulas
E pontos de exclamação.
Se não escrevesse
Punha-se a olhar
Para as estrelas
Lá no alto, a brilharem.
E meditava…
Quantas delas serão distintas?
Depois, dava-lhe o sono
Como a mim me deu
Ontem à noite…
As palavras voltaram ao papel
Por breves instantes…
Manuela Fonseca