Poemas : 

RONDÓ DO MENINO E DO VENTO

 
a hélio pellegrino, o menino. poeta e meu amigo - com saudade consagro

o menino recolhia
paciente recolhia
restos de vento que os ventos
na pressa deixavam no chão
ventos mornos ventos frios
ventos breves
e até mesmo furacão


o menino recolhia
sem pressa recolhia

e por ser menino e sem medo
sem nenhum discernimento
misturava esses restos de vento
na palma da sua mão
construindo assim um brinquedo
da mais fina estimação

e o menino recolhia
paciente recolhia
dos ventos restos de vento
como folhas caídas no chão

como folhas caídas no chão
o menino recolhia
paciente recolhia...

até que em dado momento
os olhos na amplidão
cansado da brincadeira
num gesto pueril o menino
soprou os restos de vento
que acumulara nas mãos
e deu-se então o milagre
nasceram todas as coisas
fez-se a Criação

____________


júlio






Júlio Saraiva

 
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Julio Saraiva
 
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Enviado por Tópico
Rogério Beça
Publicado: 19/10/2009 13:19  Atualizado: 19/10/2009 13:19
Usuário desde: 06/11/2007
Localidade:
Mensagens: 1932
 Re: RONDÓ DO MENINO E DO VENTO
Eu à espera que o menino fosse semear os ventos para colher sei lá o quê, quando se deu a criação.

Só mesmo um menino para nos criar tamanha confusão.

Belo.

Abraço.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 19/10/2009 14:03  Atualizado: 19/10/2009 14:03
 Re: RONDÓ DO MENINO E DO VENTO
o monge, santa teresa, a criação. um desvio espiritual em sequência regular.

belas palavras, o ritmo deliberado e a repetição, simples, adequado. «fez-se a criação»

salvé & abraço

mário