Poemas : 

Ferrugem e alcatrão

 
Tags:  guerra    vagão    coldre    ferrugem    trancar  
 
O faroleiro nunca compreendeu
O espanto dos namorados
Que vinham ver o mar
E o farol
Nunca se habituou
A largar o coldre
Com a arma
Quando se ia deitar
O sono chegava sempre
Como um comboio
Com cheiro a alcatrão
Entrava
Sem pestanejar
Sem adeus à vida
Com as mãos cheias de ferrugem
De trancar o vagão
Por dentro
O faroleiro sonhava
Que o apito do comboio
Era o seu grito
A percorrer a terra
E acordava aflito
Porque se julgava morto
Sem ir à guerra.






 
Autor
Carlos Ricardo
 
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Enviado por Tópico
Amora
Publicado: 27/10/2009 14:02  Atualizado: 27/10/2009 14:02
Colaborador
Usuário desde: 08/02/2008
Localidade: Brasil
Mensagens: 4705
 Re: Ferrugem e alcatrão
Um lamento muito expressivo Carlos,
tenho preferência por palavras assim
cujas imagens parecem claras
mas não o são; aos poucos derrubam a neblina
dos nossos sentidos e vamos nos habituando
à sua luz. Muito bom!
Bjs