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Adeus!

 
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Travam-se-me as palavras na ponta da língua, ansiosas, gritam murmúrios em sílabas imperceptíveis. O céu está roxo, o sol desfaz-se em lágrimas de gelo. Já nada é como dantes, já nada é metáfora escondida entre as linhas da vida. As palavras brincam comigo, levam-me com cordéis atados às mãos aos locais mais remotos de mim. Precisava tanto de respirar… mas elas estão em fila, na ponta da minha língua, prontas a saltar. Vai chover, sei que vai chover momentos de uma angústia antecipada pela certeza de um novo vazio. Tudo é tão complexo, tudo é tão azul onde se devia ver branco, branco de ausência, branco de alma perdida. Estendo-me no tecto do meu quarto, no tecto por o chão já não viver comigo, ficando assim a olhar as ervas que tomaram o lugar do chão por ainda não me conhecerem.
De qualquer modo o tecto ficará livre, partirei em breve, encontrei a casca do ovo ainda partida por me ter libertado, sei que lhe dói, sei que a devo reconstruir, vou fazê-lo, ficando agora da parte de dentro. Adeus!

(reeditado http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=57356)
 
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Tália
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Enviado por Tópico
Conceição Bernardino
Publicado: 06/11/2009 16:37  Atualizado: 06/11/2009 16:37
Usuário desde: 22/08/2009
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Mensagens: 3357
 Re: Adeus!
belo poema sempre teu

beijo
MG