dois quartos

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Lembrei do poeta dos classificados

Abraços!

"eu seria cheio
de metade"

Como uma simples palavra “metade” me fez ir mais longe e isso tenho de agradecer-te
E fui até ao Brasil a Oswaldo Montenegro músico brasileiro e ao seu texto “Metade”
“Porque metade de mim é o que eu grito
A outra metade é silêncio
…
Pois metade de mim é partida
A outra metade é saudade
…
E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

Ferreira Gullar em “Traduzir-se”

“Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
…
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.”

E regressar a Lisboa até Álvaro de Campos “Começo a conhecer-me. Não existo”

“Começo a conhecer-me. Não existo.
Sou o intervalo entre o que desejo ser e os outros me fizeram,
Ou metade desse intervalo, porque também há vida…
Sou isso, enfim…
Apague a luz, feche a porta e deixe de ter barulho de chinelas no corredor.
Fique eu no quarto só com o grande sossego de mim mesmo.
É um universo barato.”

Pois é a escrita tem destas coisas “simples”.

Muito Obrigado, Rogério
Abraço