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.cinquenta e sete.

 


. façam de conta que eu não estive cá .



passeava-lhe dentro da boca o beijo.

sossegou-se a entender as mãos como se existisse outro nome para lhes dar, como se também elas não estivessem já habitadas dele. um nome próprio a pender-lhe nos lábios, nas linhas das mãos, no frio dos dedos. fazia mais sentido agora desatar o corpo e logo depois desatar a correr atrás dele. porque um corpo é sempre um nome, e nestes dias todos os dias eram o nome e assim o eram como chuva a cair de um rosto, ou como musgo a crescer na pele.
 
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Margarete
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 29/11/2009 17:58  Atualizado: 29/11/2009 17:58
 Re: .cinquenta e sete.
«as mãos, que antes dos vinte anos começam a envelhecer.» (Reynaldo Arenas)

mas

«passeava-lhe o beijo dentro da boca.» (Margarete)

- «E deus viu que isto era bom.» (Gènesis)


gosto da série cinquenta. um bj.

mário

Enviado por Tópico
TRIGO
Publicado: 29/11/2009 18:33  Atualizado: 29/11/2009 18:33
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 Re: .cinquenta e sete.
...MARGARETE

«...desatar o corpo e logo depois desatar a correr dele… »
Que dizer-te nesse conflito com a a alma
que nunca nos sabe o nome !…



Gosto de ler-te…
Beijos

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 29/11/2009 18:42  Atualizado: 29/11/2009 18:42
 Re: .cinquenta e sete.
"porque um corpo é sempre um nome"

uma verdade dentro da 'mais grande' verdade.

dá para pensar. em nunca desprezar o corpo, para não correr o risco de perder também o nome da lembrança.

um beijo de Oceano para Mar.

Enviado por Tópico
Caopoeta
Publicado: 29/11/2009 18:59  Atualizado: 29/11/2009 18:59
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 Re: .cinquenta e sete.
tem vezes que falamos da pedra dentro do corpo,dentro do nome do silencio ferido. e entre tres cadeiras descansamos as maos e pele.imagino, quantas vezes descansamos os dedos habitados pelo frio e quantos dedos teremos que levar à boca para sossegar uma fome que à muito partiu.