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Um conto de dois agricultores

 
Um conto de dois agricultores

Vou contar sobre dois agricultores que na minha infância eu conheci, até convivi com eles e aprendi algo com eles sobre a essência da vida.

Na minha aldeia viviam duas famílias de agricultores vizinhas, mas muito distintas, uma das famílias eram os Ferreira, gente muito humilde que trabalhava de sol a sol, outra das famílias eram os Pereiras, gente que herdou muito dos seus familiares e que tinham gente a seu serviço, eram vaidosos e prepotentes, sempre com comparações e se valorizando pela sua quinta.

Como era traquinas e muito inquieta, sempre ia visitar aquelas famílias, vendo lá muita coisa que se passava, sempre brincava com os filhos dos agricultores e via como eram totalmente diferentes uns dos outros. A quinta dos Ferreira era grande, mas pobre e sem muitos meios de máquinas, pois o dinheiro era escasso para tudo isso, a dos Pereira tinha equipamento dos melhores e era a vaidade da aldeia.

Era altura de tratar, lavrar, adubar e semear a terra, era uma altura de muito trabalho, onde os Ferreira levantavam ainda nem clareava o dia e comiam o seu pequeno-almoço ainda magro, pegando as fainas para ir para o campo. Tinham vacas e cavalos que ainda ajudavam a lavrar os campos, mas os trabalhos braçais eram muitos, para poder ter a terra pronta a tempo, para a sua sementeira.
A família Pereira não tinha esses problemas, gente que contratavam fazia isso por eles e alem dos seus tractores, que tornavam tudo bem mais fácil, tudo estava ali pronto e era uma vaidade perante os vizinhos, sempre vaidosos de sua quinta e tinham motivos, pois esta estava bem tratada e bonita.
Ora, as quintas não era só adubar e semear tinham os animais e até tinham as grandes fruteiras e vinhas para podar, tratar e para que dessem as melhores frutas e vinhos. Tinha pena do senhor Ferreira, não parava de sol a sol, contratando jornaleiros, mas coitados já eram velhinhos e o salário era muito magro, pois não podia pagar mais. Ora, era um mimo olhar para as duas quintas e ver tudo viçoso e bem tratado, era lindo ver tudo aquilo.

Todas as pessoas da aldeia e arredores gostavam de ir a quinta do senhor Ferreira, pois diziam que eram melhores os produtos lá, por vezes, ficava horas a pensar nisso e porque falariam isso. Estavam na época da colheita e era uma algazarra total para que tudo estivesse pronto. As frutas eram da melhor qualidade, os produtos plantados que colhiam na terra eram de melhor qualidade e todo o povo falava que não existia melhor agricultor que aquele homem.

Ficando a pensar nos motivos, descobri que o Senhor Pereira, tinha vaidade, mas não amor pela terra, era só um bem herdado, do qual, queria mostrar a todos. No entanto, o senhor Ferreira não, este fazendo sol ou chuva trabalhando exaustivamente e sempre agradecendo por ter a terra, que tanto sacrifício a comprou, ele dava valor a cada coisa que ela lhe oferecia e sempre a tratava bem.
Colava em cada dia de trabalho o seu suor e conhecimento pela terra, sabia quando ia chover, fazer sol, quando era o momento certo, pelas luas, para semear dos animais e dos montes ele tratava do estrume para adubar a sua terra. Nas suas árvores de fruto ele sempre tinha um tempo para ver como elas estavam e tratava delas sem produtos.

E… Sendo assim, eu aprendi algo com tudo isto, que não basta ter as coisas e dar seguimento, temos que saber dar o real valor a elas e sentir delas o maior respeito e amor.
Por isso, aprendi que nem o dinheiro compra tudo e como diz um amigo “És aquilo que fazes e não aquilo que desejas ter.”

Betimartins





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Betimartins
 
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