Poemas : 

Bocas caladas

 


Erva-doce, daninha, habitáculo no coração,
endeuso-te libélula desperta,
liberta, não enclausurada,
flor primeira da Primavera.
Campo que floresce,
milheiral de oiro, pelo pôr-do-sol,
nave nocturna, esférica, de cristal,
fealdade no fel, melosa abelha na doçura.
Grito que arde no gélido sangue,
sapiência nas folhas magras,
renascidas, outonais, cinzeladas e esculpidas.
Dedos que se moldam, ao som do sangue,
que circula, tonto, pelos carreiros sem luz.
Onda abrupta, molhada na areia,
duna tosquiada, fechada em asas que voam,
terra castanha, mole, tépida, caminhada,
tons de prazer, cansado da espera.
Órgãos que vivem, apenas para o cântico,
mãos que se lançam, nos céus, em prece,
bocas caladas, que se beijam, nas noites, em segredo.

 
Autor
jomasipe
Autor
 
Texto
Data
Leituras
859
Favoritos
1
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
14 pontos
6
0
1
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
AnaMartins
Publicado: 18/12/2009 15:04  Atualizado: 18/12/2009 15:04
Colaborador
Usuário desde: 25/05/2009
Localidade: Porto
Mensagens: 2220
 Re: Bocas caladas
Completamente emudecida pela cadência e vibração das tuas palavras te sorrio em tons de harmonia.

Beijo


Enviado por Tópico
Conceição Bernardino
Publicado: 18/12/2009 18:37  Atualizado: 18/12/2009 18:37
Usuário desde: 22/08/2009
Localidade: Porto
Mensagens: 3357
 Re: Bocas caladas
os teus versos caem como gotículas com um sabor agridoce...sabe tão bem ler.te

beijo
MG


Enviado por Tópico
rosafogo
Publicado: 19/12/2009 00:30  Atualizado: 19/12/2009 00:31
Usuário desde: 28/07/2009
Localidade:
Mensagens: 10437
 Re: Bocas caladas
Deitei-me ao caminho, sem medos nem sono e
vim ler teu poema que sempre me agrada ler aqui no meu silêncio.
Como sempre amei a beleza das tuas palavras.

beijinho e Festas Felizes, Ano Novo com tudo quanto mereces.

rosa