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Um texto único (IV)

 
IV

Já perdido numa traição ou vingança, resta-me apenas partilhar por instantes, alguns momentos, …
São momentos de paixão, estejam preparados, porque o que conto é intenso e nada ficou como antes, escutem…
-Posso dar-lhe um abraço?
Foi assim o reconhecer de uma enorme paixão.
-Claro meu Amor, …
Levantei-me e fui em sua direcção, dizendo com o meu olhar para que permanecesse onde estava, … agarrei-a nos meus braços e desviamo-nos de olhares indiscretos, se bem que não havia mais ninguém.
Encostado fortemente à parede do escritório senti o aperto de seus braços, mas era o seu toque, o seu chorado de prazer, o seu cheiro, que foram imperando, preenchendo e bem vorazmente obrigando-me a limitar os meus receios.
Sentia os seus delicados peitos que me tocavam e aqueciam o corpo suado com a fragrância do imenso desejo. Castigando num beijo molhado, forcei-me a esquecer tudo ou a não querer pensar em mais nada.
Sim foi isso, foi assim que nos mantivemos por longos momentos, mas um castigo merecido corrigia o tempo acelerando-o ao ritmo dos nossos corações, mas acredito que por escassos instantes soube o que era a verdadeira paixão. Os nossos lábios tocavam-se, enquanto as nossas mãos percorriam os contornos dos nossos corpos, tínhamos de sair dali, …
Ainda hoje procuro compreender o que aconteceu depois, porque nunca me irei esquecer foi como viver de novo, recordo-me apenas daquele amor conforme o entreguei pois dificilmente voltará para o reaver.

(Continua, claro que continua…)


Manuel Rodrigues

 
Autor
Manuel Rodrigues
 
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