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estava vento e remava - ou neste lugar não haviam remos ou profundidade suficiente. era portanto possível que habitássemos outro lugar, haver outra geografia. e este planeta onde eramos estaria feito de água . talvez houvesse em nós o vento para empurrar uma embarcação, esta. à costa escrevíamos poemas, de súbito, como se nos visitasse o remorso ou o medo de lhe não conhecermos as paisagens. possivelmente nada disto que escrevo faz sentido por não lhe conhecermos a existência ou talvez por isso, principalmente por isso, é que estavamos felizes. eu pelo menos estava, com um sorriso plantado na boca e as mãos nos remos, afastadas do corpo, à espera que uma onda mais forte as levasse. andamos a habituar-nos à fragmentação do corpo e é isso que sonhamos quando anoitecendo fechamos os olhos e corremos com o horizonte. se houvessem ao menos muitas histórias como esta, onde, ao fecharmos os olhos, fossemos levados até nós.