Poemas : 

Sombra do Passado.

 
No frescor da manhã o sol desponta iluminando a velha senhora que traz em seu cabelo branco e em seu rosto as marcas do tempo.
As vésperas de seu aniversario quando ira completar 80 anos.
Tomada pela ansiedade perambula de cômodo em cômodo até o amanhecer.
Abre a janela do seu quarto, ao som da sirene da policia, gritos dos vândalos que bêbados, que fazem da noite seu berço de horror.
O dia amanhece e não conseguira fechar os olhos.
As mãos cansadas e tremula desanimada pega a caneta para escrever:
Rabisca varias folhas e as amassas formando bolas de papel as joga no pequeno cesto de lixo ao lado de sua escrivaninha:
Olha para os lados começa a folhear velho livro em busca de inspiração para terminar sua historia.
Pensativa e melancólica volta a pegar a caneta...
Perde-se em seus pensamentos insegura quer desistir.
Fala para si mesma que mais terei para escrever...
Levanta-se lentamente olha-se no espelho, ao ver sua imagem refletida percebe em seus cabelos branco, e as linhas que marcam seu rosto o desejo de continuar.
Tomada por uma força repentina decide voltar para sua terra natal:
Quer buscar inspiração em sua antiga casa onde criou seus filhos.
Reúne seus filhos e anuncia sua decisão.
Apesar de morar sozinha os filhos estão sempre por perto.
Comunica aos filhos seu desejo.
Ela parte ao encontro de suas lembranças, no percurso da viagem ansiosa
Teme como será entrar na casa que deixou há trinta anos a traz, quando perdera seu amado esposo.
Pensa como será que esta meu roseiral?
O meu jardim... As gramas verdes que cercavam a casa...
Em volta os seus pensamentos e as doces lembranças de seu antigo lar...
As flores de seu jardim colhidas para as ceias de natal adornar.
Um dia também serviram para o tumulo de esposo afeitar.
Na triste despedida de um amor que o tempo nunca ira apagar.
Ao chegar á seu destino seu coração dispara,
para o carro do lado de fora da casa e desce para abrir o velho portão:
Suas pernas tremulam, respira fundo, e caminha em frente, enfia a mão por dentro de uma fresta no portão e puxa para abri-lo.
Fecha os olhos teme ver seu roseiral e seu jardim destruído pelo tempo:
Toma fôlego e coragem para embarcar em seu passado.
Encheu os pulmões de ar aspira e inspira por varias vezes.
E aos poucos abre os olhos resolve encarar de vez seu passado no lugar onde nasceu, cresceu, e casou-se.
Confiante e disposta abre os olhos, e como se Deus lhe premiasse por sua volta: Ela se Surpreende ao ver a linda paisagem que forma um exuberante e verdejante tapete criado pela natureza, a grama verde cerca toda casa, o roseiral florido, exala um suave perfume no ar, seus jardins compostos por varias flores que balançam com o vento parecem saudá-la e desejar-lhe boas vindas.
Emociona-se e sente seu coração se renovar ao ver que nem o tempo, nem a secura, e abandono foi capaz de matar seu roseiral, e as flores de seu jardim,
Mantidos pela generosidade da relva que nunca os deixou morrer.

Tira seus finos sapatos que calçam seus cansados pés caminha sobre a grama ainda úmida pela relva.
Ao chegar à porta do velho casarão tremula de emoção, se pergunta se esta tendo uma alucinação...
Tudo prece tão real, e ao mesmo tempo se sente como se estivesse vivendo um sonho.
Murmura Deus! Se for um sonho não me acorde.
Empurra a porta timidamente seus antigos movem todos no mesmo lugar:
Tudo é tão real que sente cheiro de bolo de chocolate, sente o perfume dos filhos...
Ela passeia pela sala de visita acariciando seus moveis, na parede em frente à lareira seu auto-retrato que fora tirado no frescor de sua mocidade.
Ainda em volta sua mais intensa lembrança, sente sua alma revigorada ao lembra-se o quanto foi amada.
Os grandes bailes ali realizados, a dor de parto, o choro dos recém nascidos de seu ventre, lembra-se dos seus filhos pequeninos correndo pela sala, dos tombos que levavam, lembra-se também das noites mal dormidas, e das manhãs floridas.
Em teus sonhos coloridos vê seu marido entrar com os braços aberto para lhe abraçar, tomando sua mão para juntos dançar.
O primeiro casaquinho, que bordou para o primeiro neto que ia chegar.
Do seu roseiral quantas rosas colheram de lá!
Olha pela janela e vê que a velha arvore permanece em seu lugar em seu troco a corda rota inda balança pra La, e pra Ca...
Vê se de mãos dadas com as crianças cantando, (Ciranda cirandinha vamos todos a ciranda).
Abre a porta que separa a sala de visita e vai para sala de refeições uma enorme mesa de madeira:
Composta por oito cadeiras, ela puxa uma cadeira e senta-se.
Seu coração salteia fortemente, sua garganta esta seca:
No silencio profundo ela recorda os bons e maus momentos vividos lá.

Sabe que ainda tem que enfrentar um grande obstáculo:
Levanta-se e caminha para cozinha que fica no interior da casa:
Subitamente começa a chorar, sente um arrepio em seu corpo,
Medo e desespero:
Na imensa cozinha tem uma porta que da para o fundo da casa.
Ela aproxima-se da porta “seu corpo esta fria” suas pernas tremem tanto,
Que mal consegue manter-se em pé.
Sabe que ali esta a razão de seu medo, e motivo de ter saído de lá.
Com um esforço sobrenatural coloca as mãos na fechadura empurra a porta,
fortemente!
Ao ouvir o barulho das águas do rio que cerca os fundos da casa...
Deixa escapar um grito desesperado!
Agora vem em suas lembranças o que o tempo ainda não conseguiu apagar.
Uma dor insana toma conta de seu coração.
Vê sua filha caçula que grita por socorro sendo levada pela correnteza,
das águas do rio onde sempre ia brincar.
A culpa que sente e remorso por nada pode fazer para sua pequenina, poder
Salvar.
Há! Como eu queria estar em seu lugar.
Em pranto desce até o rio que por todos estes anos tentou evitar.
lembra-se como tentou esquecer esta dor transferindo-se para outro lugar.
Exilando-se de suas lembranças e deixando de sonhar.
Percebe que nem uma mudança geográfica pode curar a dor de alguém
Que não quer se curar.
Coloca-se de pé olha ao seu redor e não se deixa desfalecer.
Vê as águas límpidas que correm sem remorso, sem culpa seguem seu curso.

Mas uma vez olha ao seu redor vai ate o jardim:
Que apesar da secura, e a abandono suportou os pisoteio,
dos animais, com seus dentes afiados e faminto arrancavam a grama que os protegia,desconsiderando sua dor.
Mesmo assim não deixou de florescer, em meio à solidão e abandonou.
Ela estende as mãos e colhe algumas flores molhadas pela relva, caminha até o rio busca energias para realizar a tardia tarefa de desperdice da dor que por longos anos dilacerarão seu coração,
Inicia ali um esforço para parar de sofrer, sem se desgovernar, nem abandonar os deveres que lhe competem.
As perdas que marcaram sua vida ela sabe que jamais serão restituídas.
Sabe também que depois dos dias frios, vento e tempestade, o sol volta a brilhar.
Lança suavemente as flores sobre as águas do rio
que as recebem como um troféu.
Na margem do rio ela enterra sua dor e ao exemplo da relva que mantém vivo seu jardim ela ergue a cabeça pronta para supera...
Toda tristeza e dor: Deixando que sejam levadas pelas águas.
A certeza de novas manhãs cantante, e do calor do sol que iram aquecer, suas tarde ao sabor do vento passante..
Agora renovada pela vontade de viver sabe que o final de sua historia ainda não pode escrever.
Neste cenário outrora entregue ao abandono surge uma nova mulher.
Cheia de inspiração para uma nova historia escrever.
A bela da terceira idade ainda tem muito que fazer.

 
Autor
raziasantos
 
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