Sonetos : 

Indesejada imprudência

 
Enquanto houver um prato desprovido de comida
E contra isso não se desprender maior esforço.
Enquanto imperar essa razão subnutrida
E tantos estiverem de descaso até o pescoço.
Sobrevirá a tudo, acorrentada, a violência,
Pois cada um que morre ignorado, pele e osso,
Induz a outros tantos a saírem desse fosso,
Usando (seja lá qual for) insana providência.
Ignorar a voz que clama exasperada e clara,
É encontrar-se nu e esconder somente a cara,
É estar resignado quando ainda há saída.
Aquele que, egoísta, assassina a consciência,
Abraça, conivente, a indesejada imprudência
De alimentar a morte... de deixar morrer a vida.


Frederico Salvo


Direitos efetivos sobre a obra.
http://pistasdemimmesmo.blogspot.com/

 
Autor
FredericoSalvo
 
Texto
Data
Leituras
776
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
2 pontos
2
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
arfemo
Publicado: 05/02/2010 00:11  Atualizado: 05/02/2010 00:11
Colaborador
Usuário desde: 19/04/2009
Localidade:
Mensagens: 4812
 Re: Indesejada imprudência
caro Frederico,

formalmente é um poema múito bonito; o seu conteúdo é um libelo para todos nós (e é bom lembrá-lo, para que aumento o grau de consciência e de intervenção crítica)

abraço fraterno
arfemo

Enviado por Tópico
Paula Baggio
Publicado: 05/02/2010 02:43  Atualizado: 05/02/2010 02:43
Da casa!
Usuário desde: 20/10/2007
Localidade: Franca - SP
Mensagens: 213
 Re: Indesejada imprudência
Parabéns! Abraços, Paula