Poemas : 

"Uma caixinha chamada voz da consciência..."

 
Como uma simples caixinha,
Onde se guardam as muitas coisas e loisas daquilo a que se vai chamando vida,
Algumas até por sinal belas e coloridas,
Como o AMOR, O RESPEITO, A JUSTIÇA, A VERDADE, A EQUIDADE…

Sinto-me desalentada,
Com o que aqui vai de confusão,
No que respeita a forma como me vão dando cumprimento e atenção

Sou pertença de todos
Mas existem vários graus de devoção,

Uns poucos,
Preservam com respeito a minha companhia,
Levam-me com eles de forma inexpugnável

Outros,
De forma despreocupada ou negligente,
Lá me vão levando esvoaçante ao sabor das conveniências
Ao gosto apenas do que é para eles a sua melhor condição,

Outros ainda, deitam-me ao chão e pisam-me com uma força tão grande
Para que eu não sobreviva

Não me quero ver metida em nenhuma guerra,
Entre partidos, discursos, acções, jornais, palavrões,
E outras coisas do género para as quais urge uma resolução,

Com frequência, fico com a minha cabeça tonta,
E vivo numa grande aflição.

Querem que sirva de árbitro,
Que apresente pareceres ou dê a minha opinião
Seja testemunha de um caso, dê o meu aplauso a um procedimento qualquer?

Para juiz não sirvo,
E, nem sequer pretendo ter vocação.
Anda a justiça tão carecida de bom trato e de cuidados,

Sou, simplesmente, uma simples caixa,
Onde se guardam muitas coisas e circunstâncias,
Sou a vossa memória, se quiserem,

Hoje tomei a iniciativa de vir aqui pedir-vos,
Meus digníssimos proprietários e cidadãos,
Um pouco mais de bom senso e de respeito.

Sou vossa inquilina, companheiros,
Peço-vos um pouco mais de consideração,

Caso contrário, um dia destes saio definitivamente da vossa vida,
Levo comigo todas as vossas boas recordações,

Ficam manietados, isolados, perdidos, afundados como navios,
Destituídos de poderem os vossos filhos, falar de vós com orgulho,

Impeço-vos de ficarem tranquilos e de viverem calmamente as vossas emoções,

Mas ainda mais grave será,
Poder deixar triste e amargurado o vosso coração!

E se me dão agora licença de lhes dar uma explicação,
Dou-lhes a minha modesta identidade,

Sou a caixa registadora que tudo pretende anotar,
Que todos transportam consigo,

Sem que haja qualquer excepção,

Aquela que na “hora H” estará irremediavelmente presente ao vosso lado…

Não vos conto,
Não vos digo como será,

Chamam-me de forma fácil e brejeira
-A voz da consciência – individual e colectiva

Mas eu existo,
Sou a vossa História, aquela que confere verdade e corporiza o ideal de Nação,
Não sou apenas uma voz que se ergue à socapa neste País,
Sou uma realidade,
Quer o queiram ou não!

Vejam, que ritmo, fim ou destino me querem dar...

Beatriz Barroso

 
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beatriz barroso
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 15/02/2010 11:01  Atualizado: 15/02/2010 11:01
 Re: "Uma caixinha chamada voz da consciência..."
Um grande alerta,felizmente que falas pra quem tem consciência por que aqueles/as que a não têm estão prestes a dar a ela o pior destino!