Inesperadamente, num entardecer, abraçou-me forte a solidão
cobrindo-me uma estranha nuvem de tristeza, e de tal forma
enlaçou-me, tamanho o amplexo não desejado, que vi morrer
no céu os traços alegres e brilhantes do ocaso beijando a noite
Até um desconcertante arco-íris bebendo a água das nuvens
descoloriu e se deixou borrar nas cores que derretiam
enquanto o vento em transe rodopiava no chão chorando,
eu no seu vértice me deixando levar como ave abatida
A amplitude desse solitário abraço súbito me fez perplexo
a extensão de seu estrago em meu coração é indimensionável
impossível contar os fragmentos em que ele se metamorfoseou
o caos que decorreu, o mar de delírio sobrevindo no ocaso.
Presa dessa condição de tamanha amargura embriagadora
minh'alma se debatia na ânsia de livrar-se do improvável
meus olhos apelavam ao horizonte, buscavam alento,
ms a intensidade desse abraço derrotou meu coração
Gilbamar de Oliveira Bezerra
Re: O ABRAÇO DA SOLIDÃO
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