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O grito do meu Eu

 
Já consigo viver sem permanecer! Contradição inicial para quem quer expressar um sentimento especial!
Acordei, abri a janela e respirei. Embora saiba que este gesto é uma repetição sucessiva de uma diária que já não tem forma nem feitio, hoje teve outro sabor e permitiu-me a ilusão do momento. Respirei a dúvida, a incerteza, mas também a vida, o momento, o presente.
Presencio acontecimentos que traduzem os gestos mais frios que um ser humano pode ter para com outro; presencio palavras de fel que no fim de serem proferidas ainda transmitem um odor mais horrendo que aquele que pensava.
Não, não pode ser. Não se pode continuar a trilhar um caminho cujo rumo final é a mágoa e a dor; é o sofrimento e a tristeza; é a falta de respeito e uma degradação assombrada de qualquer sentimento…mesmo os mais ínfimos.
Procuro a essência de mim e vejo que perdi. Não só perdi dias, horas e minutos, como desperdicei oportunidades de conquista e vertentes de crescimento. A minha grande arma foi a esperança, porém, foi também essa que dissipou o sonho e a alegria, a crença e o singelo acto de acreditar.
Hoje, onde a alvorada ganha forma de brincadeira e sorrisos de gratidão, não me vou lamentar pela falta de conquista ou pela conquista que teve em falta. Lamento o quer perdi; enalteço o que ganhei e sigo em frente. Vivi e revivi momentos que assombram as memórias de qualquer ser humano; tornei-me um ser mais forte na descoberta e na aventura. Valeu a pena. Mais que não seja, valeu por mim.
Gostava de saber que horas são. Não pelo tempo, nem mesmo pela fugacidade dos acontecimentos que lá fora teimam em não parar. Gostava de saber as horas para conseguir, ao mesmo tempo, perspectivar a fugacidade dos desejos. Gostava de medir quantos segundos levei a ganhar ou a perder algo. Mas…pensando bem, valerá a pena? Creio que vale sempre a pena; mais que não seja para se ficar em alerta que cada dádiva pode simbolizar uma conquista e que, assim, cada arma de luta pode significar um grito de paz interior.
Luto pela confidência e pelo secretismo da minha força. Agora, importo Eu e só Eu e se amanha estiveres com disposição de voltar, só o Eu te irá responder…!

 
Autor
João Nuno Marcos Bap
 
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