Poemas : 

O caso da cutia

 
Caminha despretensiosamente
Na mata, inocentemente
E sozinha a arisca cutia.

Quando vê a sua frente
Algo assaz diferente:
Escuras órbitas frias.

Seriam as do macaco
Que adormecera de fraco
Por tantas estripulias?

Ou as da coruja, quem sabe,
Que, antes que o dia acabe,
Dormita e prepara a vigília?

Quem dera fosse de fato,
Perdidas no meio do mato,
Esbugalhadas, as da jia,

Que depois da bóia no brejo,
Sonhava com as águas do Tejo,
Enquanto a sesta fazia.

Eis que nada disso era.
Na verdade, outra fera,
Delas, detrás se escondia.

E das órbitas diferentes,
Lágrimas incandescentes
Deram cabo da cutia.


Frederico Salvo


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FredericoSalvo
 
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Enviado por Tópico
arfemo
Publicado: 22/02/2010 22:42  Atualizado: 22/02/2010 22:42
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 Re: O caso da cutia
Caro Frederco,

bom a língua ter esta riqueza que me obriga a ir ao dicionário...

a mesma simplicidade de processos para erguer poemas de que se gosta por merecimento...

abraço
arfemo