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POEMA REALISTA

 




Faz muito que a noite desceu por sobre
A minha cabeceira.
Ao longe as lojas emprestam néons ao rio.
E a mulher gorda, no cimo da esteira,
Usa colírio e ligas de cetim,
Acetinando as carnes intumescidas
Pelo tempo.
No cimo das escadas, meninas esperam
A sua vez, desflorando o seu corpo à
Avidez dos marinheiros.

Nasce a manhã, por detrás do horizonte,
Rubro de cores.
Partem para a faina os pescadores,
Na vã esperança de mais um dia bem produtivo,
Antes de chegarem a casa, junto da mulher,
Que enxuga as lágrimas, por mais um dia
Passado no sobressalto das águas, enquanto
As crianças limpam o mouco às mangas
Da camisa, pano pueril
Que o pouco dinheiro ousou comprar.

Enquanto isso na lixeira, meninos e meninas,
Sujos das mãos à cabeça,
Procuram a sua sorte na subsistência
De mais um dia, recolhendo pão bolorento
E cartão para vender, ao homem dos sete
Ofícios. Muitos adoecem prematuramente,
Mas a pouca gente
Que se preocupa com eles é uma minoria,
Que pouco pode fazer para reverter
Toda esta miséria, produto dos nossos
Tempos, de globalização, que a poucos
Tem dizer,
Menos ainda à pobreza que se propaga.

Jorge Humberto
16/07/07








 
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jorgehumberto
 
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Enviado por Tópico
Paloma Stella
Publicado: 17/07/2007 16:51  Atualizado: 17/07/2007 16:51
Colaborador
Usuário desde: 23/07/2006
Localidade: Barueri - SP
Mensagens: 3514
 Re: POEMA REALISTA
Da realidade todos sabemos,
Mas dificilmente à entendemos,
Pior ainda é que muitos não a aceitam.

Beijinhos

Enviado por Tópico
Cathia
Publicado: 17/07/2007 16:57  Atualizado: 17/07/2007 16:57
Super Participativo
Usuário desde: 08/06/2007
Localidade: Porto
Mensagens: 102
 Re: POEMA REALISTA
Optimo relato da realidade em que vivemos...
Beijinho