Trazia meus pés em segura terra.
Deram-me asas... Fui pelo espaço
Voando alto, singrando a estratosfera
Como uma ave eu fui derribado.
Hoje isso que sou é apenas um retalho
Do homem que eu era.
Talvez eu tenha cara de palhaço
Ou quem sabe de uma besta fera.
Agora a redoma que fiz é de aço
Quero ver que nevoeiro a descerra.
Hei de renascer das minhas cinzas
Meu bico adunco baterei nas pedras
Matarei minhas rosas e margaridas
Os céus serão minhas testemunhas
Ficarei em uma quarentena eterna
Arrancarei as minhas gigantes unhas
Viverei dos frutos dos campos e das ervas
Alimentar-me-ei apenas do pó das nuvens
Até que chegue o dia das novas penugens
Em que meu bico estará firme e renovado
Aí sim, serei um novo pássaro azulado
Mas agora com um simples porém:
A redoma de aço que eu criei
Não abrirei para mais ninguém!
Gyl Ferrys