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sem número.

 


. façam de conta que eu não estive cá .





lembro-me que havia no teu rosto um arvoredo denso onde se perdiam pássaros aventureiros e vozes de vento, que tinham tão grandes ramos as árvores no céu adentro que eram de nuvens as paisagens feitas. lembro-me das flores a ocupar terra, chegavam-me pela cintura, eram de todas as cores, algumas que nunca voltei a ver. e os riachos nasciam-te dos olhos, traziam peixes e nenúfares de água salgada que morriam depois à boca. e lembro-me de me sentar num rochedo três vezes maior do que eu a ler um qualquer poema de amor ou dor, em voz alta, e de te ouvir dizer silêncio como quem grita mais alto. lembro-me de ver então crescer-me raízes na pele, musgo, fungos, solidão e de, pouco a pouco, ser lábio, rosto, corpo, tu.




 
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Margarete
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Enviado por Tópico
Moreno
Publicado: 29/03/2010 20:57  Atualizado: 29/03/2010 20:57
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 Re: sem número. à mar
fundes-te à natureza, no silêncio metamorfose das metáforas que nascem em ti

beijo

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 29/03/2010 21:08  Atualizado: 29/03/2010 21:08
 Re: sem número.
O rochedo era três vezes maior. Mas tu, muito maior na sensibilidade!


Adorei


"Grapilho"

Enviado por Tópico
Maria Verde
Publicado: 29/03/2010 21:14  Atualizado: 29/03/2010 21:14
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 Re: sem número.
e porque gosto muito do que escreves e da forma que escreves é que sinto a necessidade de vir dizer, mesmo sendo difícil o percurso por entre estes rochedos (linhas).
bj Margarete

Enviado por Tópico
Alexis
Publicado: 29/03/2010 21:18  Atualizado: 29/03/2010 21:18
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 Re: sem número. para mar
fusão.completa.

lindo de morrer.

cresces a cada dia que passa.

abraço,daqueles.
alex

Enviado por Tópico
Carolina
Publicado: 29/03/2010 21:26  Atualizado: 29/03/2010 21:26
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 Re: sem número.
e a fome que não passa, apesar dos silêncios intermináveis.

beijo

Enviado por Tópico
RoqueSilveira
Publicado: 29/03/2010 21:52  Atualizado: 29/03/2010 21:52
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 Re: sem número.
raízes, uma palavra chave em ti e na tua escrita.