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sem número.

 


. façam de conta que eu não estive cá .






nunca percebeu o que eram les jours tristes, nem nunca compreendeu le bras de mer. nunca quis nenhum lugar demasiado longe, aquele lugar para morrer em paz, encostar a cabeça no peito e ouvir o coração. partiu, entre as mãos levou a certeza de quase ter sido a amante perfeita. eram negros os cabelos, recordo, à despedida. nos olhos uma história para ser contada ao ouvido, o que poderia ter sido se, o que agora não era por partir rumo a um país novo. e ela foi quase primavera, quase março, quase amante, sem nunca ter acordado as flores, sem nunca ter comido terra, sem nunca ter gostado de hoje. era este o tempo, bem o sei, de a ver partir comigo ao colo, mas fico eu no corpo que é meu, onde alimentei esta certeza de amar este estado de estar entre. nunca entendeu que língua fala o meu coração, que os gestos são como árvores a crescer para a terra, que o sal tempera, que o mar vem depois do adeus, à noite, ferir-me o corpo com canções, espera.





 
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Margarete
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Enviado por Tópico
Alexis
Publicado: 30/03/2010 20:24  Atualizado: 30/03/2010 20:24
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 Re: sem número. para mar
muitas histórias de emoções devem haver para ser contadas no interior dos portugueses que rumaram a frança em épocas de aflição no nosso país.pelas tuas palavras elas ficam,efectivamente,com a sensibilidadee a profundidade que merecem. e vão mais longe.porque as "histórias" das emoções não cabem nunca num espaço e num tempo confinado por barreiras.

beijo,mar.
alex

Enviado por Tópico
arfemo
Publicado: 30/03/2010 20:30  Atualizado: 30/03/2010 20:30
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 Re: sem número.
assim lido literalmente talvez desconhecesse a lei universal do amor(para além do francês...)

mas os gestos são como as árvores a crescer para a terra...

beijo

Enviado por Tópico
RoqueSilveira
Publicado: 30/03/2010 20:37  Atualizado: 30/03/2010 20:37
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 Re: sem número.
Há sempre qualquer coisa de raízes nos teus textos, e sempre de muito boa qualidade. Beijo