Poemas : 

indistância

 
do meu próximo livro: "Quando a maré sobe, aforismos\euforismos"
a 15 de julho 2010 na feira do livro de Barcelos

*


O sol é uma enorme cabeça que nos espreita.
E a terra é um punhado de elementos vagos
Eu respiro porque me dão ordens para respirar.
O silêncio é um grito invertido. Que escutais vós quando me calo?
Haverá sempre uma vírgula a mudar o sentido?
Que raios de almanaques são estes que nos deram para devorar?
Vamos todos contar até três e começar tudo de novo?
Se choro é porque o mar também chora. É um direito meu!
Deus criou-nos sem nunca nos ter criado
Não me façam voltar atrás nas orações
Eu vejo o poeta roendo capítulos da sua infância
Se a lógica existe, por que nunca pariu um economista?
Uma porta ali. Outra acolá. Por detrás delas um mundo.
Mas que mundo? Se o mundo nem a si se pertence.
Quem me diz que eu não sou?
Há verbos demasiados. Pisados como frutos
Conta-me como foi erguer somente a pata de uma sombra
Não vedes que eu não entendo de arquitecturas planas!
Nem de magnólias que caminham sôfregas
O sonho pode ser um lugar. Onde se cruzam abcissas.
Amanhã estou cá, deixa-me deslumbrar mais um bocado
neste vestido magoado. Que é o silêncio. Que é circunflexo memorial.

Que vejo eu senão a minha própria distância!

flávio lopes da silva
 
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flavio silver
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 07/04/2010 20:54  Atualizado: 07/04/2010 20:54
 Re: indistância
lá estarei caro amigo,

espero que tenhas por lá uma mesinha bem posta, com bolinhos de bacalhau e uns panados pequeninos.

do texto não falo, gostar é repetitivo

abraço

JLL

Enviado por Tópico
Alberto da fonseca
Publicado: 07/04/2010 20:56  Atualizado: 07/04/2010 20:56
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 Re: indistância
TANTA PERGUNTA SEM RESPOSTA, TANTO É E NADA É

SUCESSO DOS GRANDES PARA O SEU LIVRO AMIGO FLÁVIO
E QUE CONTINUE ASSIM, COM MUITO SUCESSO

ABRAÇO AMIGO

A. DA FONSECA

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 07/04/2010 21:13  Atualizado: 07/04/2010 21:13
 Re: indistância
"Quem me diz que eu não sou?
Há verbos demasiados. Pisados como frutos
"

e fazê-los deles sumos poéticos, é irreversivelmente a arte mor dos poetas...

parabéns pelo poema que é parte do conteúdo
do livro, o que desejo para ambos... MERDA!

fraterno abraço amiguirmão Flavio.

zésilveira

Enviado por Tópico
RoqueSilveira
Publicado: 07/04/2010 21:45  Atualizado: 07/04/2010 21:45
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 Re: indistância
admiro esa capacidade de pregar rasteiras nas coisas mais simples fazendo pensar.
o livro será óptimo tenho certeza.
Beijo

Enviado por Tópico
cleo
Publicado: 08/04/2010 18:41  Atualizado: 08/04/2010 18:41
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 Re: indistância
Pelo que li nesta pequena amostra que aqui nos ofereces de mão beijada, adivinho desde já que certamente será um grande livro!
É inevitável não ficar a pensar...

Os meus sinceros parabéns e faço votos para que seja um enorme sucesso!

Beijo