DELÍRIO
Ainda oiço ao longe os teus gritos
Saídos de um matagal escuro
Cobertos de terror e medo
Mergulhado nas águas
De onde nunca mais voltaste…!
Esses gritos
Outrora o nosso sossego
Ecoam pelo meu cérebro cansado
Como lâminas que o rasgam
E ao feri-lo
Amordaçam esta ténue vontade
De segurança
Que me arrasta pelo mundo
Em busca de um motivo
Um delírio
Que justifique a paz
Há muito perturbada.
Em cada encruzilhada fecho uma porta
Marco o ânimo a vergastadas
Com o escárnio de quem viola o próprio túmulo
Cospe sobre o cadáver em decomposição
Arranca ao espectro o que ainda resta do coração
Magoado…
E tão maltratado pela vida…!
antóniocasado