bancos [de] [com] jardim

o sol destes dias arrebatou-me da crise outonal – um dia. um médico. disse-me que era propenso a alterar o sistema nervoso com o cair da folha – duvidei sempre. mas quando a escrita não corre. este estupor. volta sempre ao comando dos neurónios – quando chega a primavera. liberto-me deste médico-médium que mudou as minhas crenças – espero ansioso pela chegada das aves que sabem amar – sem sinas. sem medos. retornam apenas para se amarem – trazem com elas apenas as asas do passado – o erro do quadro pintado por estes olhos doentes. foi a velhice de um “ex-homem”. sozinho. ocupava um banco sem amor. a não ser o dele – acabou o sol brilhante – a primavera ainda vem longe

beijo mar

sampaio(r)ego

o mesmo médico, o mesmo diagnóstico, a mesma forma de estar só.


fomos feitos da mesma costela.

um beijo,
mar.

que tal cortar o médico às postas? vou amarrá-lo a um poema. talvez acabe com ele sem sangue

beijo

sampaio(r)ego

as correntes de ar primaveris carregam olhares contraditórios. veremos até quando

beijo alexis

sampaio(r)ego

quem sabe se no mundo dos pássaros o encontro com o automóvel é a tragédia shakespeariana – romeu-passáro e julieta-pássar(a) estão imortalizados. não por uma qualquer cicuta balofa e enfadonha na criação da morte [que o diga sócrates] – a morte sorriu-lhes ao pára-brisas de um híbrido/eléctrico. nova geração – diria. estás na história do mundo das asas. vives em glória

beijo

sampaio(r)ego

não há forma da memória abandonar o banco. sorrir requer vomitar as entranhas. um dia serei capaz

abraço

sampaio(r)ego

a primavera trás a beleza das cores. mas abre os buracos onde moram os estropiados deste mundo

beijo

sampaio(r)ego