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OS TERRÁQUEOS

 
OS TERRÁQUEOS

Ante a presumida falência
Da mundial governança
Uns senhores de estranho mundo
Mas austero semblante
Afirmaram com eloquência
Para os terráqueos habitantes:
Alto e pare a dança.
Elencaram suas razões
Aduzindo motivos de monta
E alegando que vil coutada
Era a que estava a ser governada
Pelos terráqueos vilões.
De autoridade imbuídos
E ostentando os seus pendões
Sentenciaram solene
Nova saída encontrar
Para a terra governar.
Senhor da terra seria um só
De ditadura o seu governo
Que só de si teria de cuidar
Não teria funções de monta
Que só a si teria para governar.
De braço no ar a eleição
Foi feita sem perda de mora
Todos a mão levantaram
Com ânsia de vitória.
Aquele que foi nomeado
Esfregou as mãos de contente
Não sabia, pateta alegre
Que para que haja mundo
Preciso é que haja gente
Ao ver-se na terra sozinho
Só os pássaros a chilrear
As árvores a ver crescer
O trigo não ter que mondar
O silêncio sentir crescer
Não ter asno com quem falar
Mas sobretudo tomar tino
De que por muito que se esfalfe
Vai ver-se privado do que mais quer
Como acordando de um sonho
Diga-se de passagem, medonho
Megalómano desiste de ser
Vê que a felicidade não está no ter
Mas bem mais no bem querer
Muito mais estará no dar
E dar significa amar.

Antonius


 
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luciusantonius
 
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Enviado por Tópico
eduardas
Publicado: 20/04/2010 11:16  Atualizado: 20/04/2010 11:16
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Usuário desde: 19/10/2008
Localidade: Lisboa
Mensagens: 3731
 Re: OS TERRÁQUEOS p/Antonius
Um poema que para mim, e desculpa dizer) nada tem de humor.Uma construção de uma sociedade hoje desabitada de qualquer ética ou moral.

Quem sabe um dia os tal mundo não tome mesmo conta dos terráqueos.

bj
Eduarda