Poemas : 

QUANDO O PÓ ME RECLAMAR

 
Quando a noite chegar
depois do alento esgotado
e meu corpo alquebrado
não mais puder caminhar,
imóvel me estenderei
em torno de triste pranto
e de negro me cobrirei
com meu melhor manto.

Quando meu olhar gasto
se entregar à escuridão
e minhas entranhas em ebulição
alimentarem o macabro repasto,
chegará a hora de escapar
embalado nas asas do vento
sem nada levar
tudo deixando ao esquecimento.

Quando todo o meu legado
se inflamar no braseiro da fornalha
e esconderem meu rosto estragado
no alvor rendado da mortalha,
esconsas asas abrirei
e para longe partirei
doando meu ossário sombrio
a um qualquer terreno baldio.
 
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Runa
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Enviado por Tópico
Beija-Flor76
Publicado: 30/04/2010 22:03  Atualizado: 30/04/2010 22:03
Membro de honra
Usuário desde: 23/02/2010
Localidade: PORTUGAL
Mensagens: 2080
 Re: QUANDO O PÓ ME RECLAMAR
Fenomenal, adorei o poema e a forma como foi desenrolada a cena desta morte auspiciosa.
Mais destes por favor.
abraço
Beija-flor


Enviado por Tópico
RoqueSilveira
Publicado: 30/04/2010 22:09  Atualizado: 30/04/2010 22:09
Membro de honra
Usuário desde: 31/03/2008
Localidade: Braga
Mensagens: 8102
 Re: QUANDO O PÓ ME RECLAMAR
um poema de grande beleza apesar do tema sombrio
gostei imenso


Enviado por Tópico
Avozita
Publicado: 30/04/2010 22:36  Atualizado: 30/04/2010 22:36
Colaborador
Usuário desde: 08/07/2009
Localidade: Casal de Cambra - Lisboa
Mensagens: 4529
 Re: QUANDO O PÓ ME RECLAMAR
Belo desenrolar de uma morte vivida.
Macabro mas muito bem imaginado e construido.

Gostei.
Abraço
Antonieta


Enviado por Tópico
shirley
Publicado: 01/05/2010 19:46  Atualizado: 01/05/2010 19:46
Da casa!
Usuário desde: 22/06/2008
Localidade:
Mensagens: 351
 Re: QUANDO O PÓ ME RECLAMAR
Quando é chegado o fim é melhor se entregar. Gostei do teu poema, sombrio porém belo.


Enviado por Tópico
Henricabilio
Publicado: 02/05/2010 09:35  Atualizado: 02/05/2010 09:35
Colaborador
Usuário desde: 02/04/2009
Localidade: Caldas da Rainha - Portugal
Mensagens: 6963
 Re: QUANDO O PÓ ME RECLAMAR
Para lá das palavras,
que lavras,
corpo às larvas.

Um abraçooo!
Abilio