Aglutinemos nossas almas, talvez possamos dar um pouco de alegria à nossa infindável tristeza.


Numa nuvem gasta de matéria palpável
Na embriaguez constituída do poema
a boca da flor idílica

como manter o silencio de sábado de manha
no regresso a casa
e cair contra o rosto
e deixar a pele descansar

estender-te contra as paredes do peito
vazias só

-a inutilidade tombou sobre o corpo homem
nos ombros cansaço
como companhia deitado
sobre o olhar ébrio
e escreve
com as palmas das mãos mortas
o suor das coisas tristes


esta agonia de envelhecer depressa
querer envelhecer depressa a pressa
de envelhecer a pele a carne

havemos de lá chegar
no vidro suicídio
e gritar a morte dos ossos só
para que sejas esquecimento









 
Autor
Caopoeta
Autor
 
Texto
Data
Leituras
807
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
7 pontos
7
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Alexis
Publicado: 01/05/2010 16:12  Atualizado: 01/05/2010 16:12
Colaborador
Usuário desde: 29/10/2008
Localidade: guimarães
Mensagens: 7238
 Re: só para cao
o sofrimento diz desejar a morte,mas o que no fundo desesperadamente deseja... é a vida.

(esta saiu-me bem!rs...)

beijo,querido poeta.keep on living,keep on writing.mesmo que custe como o caraças.cá estamos para te ler.

alex


Enviado por Tópico
Moreno
Publicado: 01/05/2010 16:31  Atualizado: 01/05/2010 16:31
Colaborador
Usuário desde: 09/01/2009
Localidade:
Mensagens: 3482
 Re: só ao rogério
uma viagem pelo homem, pela solidão, pelo sofrimento. certamente conheces este poema que aqui vou deixar.


Poema do Homem Só


Sós,

irremediavelmente sós,

como um astro perdido que arrefece.

Todos passam por nós

e ninguém nos conhece.



Os que passam e os que ficam.

Todos se desconhecem.

Os astros nada explicam:

Arrefecem



Nesta envolvente solidão compacta,

quer se grite ou não se grite,

nenhum dar-se de outro se refracta,

nehum ser nós se transmite.



Quem sente o meu sentimento

sou eu só, e mais ninguém.

Quem sofre o meu sofrimento

sou eu só, e mais ninguém.

Quem estremece este meu estremecimento

sou eu só, e mais ninguém.



Dão-se os lábios, dão-se os braços

dão-se os olhos, dão-se os dedos,

bocetas de mil segredos

dão-se em pasmados compassos;

dão-se as noites, e dão-se os dias,

dão-se aflitivas esmolas,

abrem-se e dão-se as corolas

breves das carnes macias;

dão-se os nervos, dá-se a vida,

dá-se o sangue gota a gota,

como uma braçada rota

dá-se tudo e nada fica.



Mas este íntimo secreto

que no silêncio concreto,

este oferecer-se de dentro

num esgotamento completo,

este ser-se sem disfarçe,

virgem de mal e de bem,

este dar-se, este entregar-se,

descobrir-se, e desflorar-se,

é nosso de mais ninguém.

António Gedeão

um abraço


Enviado por Tópico
MariaDeCarvalho
Publicado: 01/05/2010 16:52  Atualizado: 01/05/2010 16:52
Da casa!
Usuário desde: 11/03/2009
Localidade: Suiça
Mensagens: 421
 Re: só
Eu como acho que és um fingidor...
Ás vezes não sei...
Ás vezes é tão bom estar só!!!...


Seja lá como fôr este poema está magnífico...
Gostei...beijos
Maria


Enviado por Tópico
Margarete
Publicado: 24/06/2010 03:26  Atualizado: 24/06/2010 03:26
Colaborador
Usuário desde: 10/02/2007
Localidade: braga.
Mensagens: 1199
 como não estar só seria bom. ao caopoeta
também eu.
talvez mais tarde quando a dor não estiver. falar com os dentes no lábio. cortar este. onde estavas quando a noite veio negra ao fundo comer-me o sono. ou quando o sono comido não veio na mesma. e o corpo esperava um abraço. que não veio. também eu. quando souber situar o coração no mundo. também eu só com ele. agora não sei se a estas hora da madrugada também se morre. no entanto creio que sim, vou por aí.

um beijo,
mar.