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À DERIVA

 
À DERIVA
Paulo Gondim
06/05/2010

O que sou eu sem ti, senão um vulto
Que surge e desaparece na escuridão
Como linha torta, na paisagem morta
No oscilar do pensamento
Um fio de vida, perdido na solidão

E finges que me ignoras
E, como espectro de mim, espero
Vagando pelas sombras
Escondido nas noites
Sem o que mais quero

E teu silêncio continua como pesadelo
Fere minha alma como invasor
Me desaloja de meu sonho torto
Dele me expulsa e me põe à deriva
Como barco que não chega ao porto

E no meu vagar, a dor não é menor
Da saudade fria, da realidade crua
Sinto teu sangue em minhas veias
A correr, dilacerando a carne
No sangrar que em mim se perpetua

E por mais voltas que eu der, faço-me inerte
Não há, para mim, lugar seguro sem ti
Por isso, fico imóvel, calado, parado
Conto nuvens, estrelas, constelações
Tua ausência é como flecha
Lançada em nossos corações


Paulo Gondim

 
Autor
Paulo Gondim
 
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Enviado por Tópico
rosafogo
Publicado: 07/05/2010 12:16  Atualizado: 07/05/2010 12:16
Usuário desde: 28/07/2009
Localidade:
Mensagens: 10486
 Re: À DERIVA
Excelente Paulo.

Só mesmo um bom Poeta para fazer com arte tão
grandioso Poema, onde impera o amor, ou o sofrimento pela ausência amarga do ser amado, e que sobrevive apesar de tudo.
Lindo, amei ler.

abraço
da rosa


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 07/05/2010 17:11  Atualizado: 07/05/2010 17:11
 Re: À DERIVA
Parabéns por este belíssimo poema, perpassado de silêncios e ausências, numa linguagem poética admirável.

Gostei muito.

Marialuz