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Bigorna *

 
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Olhares apontados para as falhas do sistema.
Todos buscam apontar as farpas do emblema
retorcidas em sucatas, com parcas bandeiras.

Há muita fome neste país.
Há muita sede neste país.

Todos os olhos voltados para a bandeira de vento
que sustenta o podre sistema decimal da vitória
quebrada a todo momento nas colunas de jornais
quebrada a todo momento nas colunas vertebrais.

Há muita mentira neste país.
Há muita cegueira neste país.

Todos os olhos apontam as estrelas de natal dourado
deitadas nos ombros dos homens que adestram águias
e criam terrores em gaiolas douradas.

Há muita dor neste país.
Há muita lama neste país.

Todos os corpos reclamam das cordas de aço forte
que fazem do cansaço um fracasso já histórico.
Todas as críticas amarradas avistam a força forte
do sistema moribundo que recebe soro do exterior
para continuar em sua vingança aos que desconfiam.

Há muita apatia neste país.
Há muita empatia neste país.

* Série de Poemas manuscritos nos anos 70, período da ditadura militar no Brasil, por um jovem poeta Anônimo.

Imagem: Candido Portinari
 
Autor
AjAraujo
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