Poemas : 

pânico revisitado

 


. façam de conta que eu não estive cá .






estou de partida
estou como quem não tem nada
o coração uma ampola para a desnutrição do corpo.
desnorteada com a mão fora do braço
trazida ao bolso.
vou como quem não sabe o que pedir à boca
o cérebro bate no pânico
de estar onde as ideias se preparam para morrer.
ontem estava perdida
como quando perdemos do corpo os pés e caímos.
senti que havia de comer-me a solidão
um rato seco pela pertinência da fome.
verbalizo os sentimentos como quem diz adeus
era como dizer-se estar e ficar perene
não estando na ideia de ficar.
por isso constantemente me revisita a ferida
os troncos como tentáculos
uma floresta em apuros.
estava para ser feliz mas
apareceu-me o pânico de não estar estando.






 
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Margarete
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 02/06/2010 21:22  Atualizado: 02/06/2010 21:22
 Re: pânico revisitado
gostei deste panico muito bem escrito

Enviado por Tópico
jaber
Publicado: 02/06/2010 21:26  Atualizado: 02/06/2010 21:26
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 Re: pânico revisitado
...o barco está de saida
adeus ò cais de alfama...


Beijo nesse Mar

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 02/06/2010 21:29  Atualizado: 02/06/2010 21:29
 Re: pânico revisitado
Minha querida curvo-me aos teus versos!
PARABÉNS!

beijos meus!

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 02/06/2010 21:31  Atualizado: 02/06/2010 21:31
 Re: pânico revisitado
Em tempo: adorei tua frase:"TENHO FOME DE SILENCIOS...."
(transcendental)

Enviado por Tópico
Runa
Publicado: 02/06/2010 21:49  Atualizado: 02/06/2010 21:49
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 Re: pânico revisitado
Excelente, a maneira como consegues manipular as palavras e os sentimentos. Chego ao fim da leitura e fico com fome de mais. Este, vou adicionar aos meus favoritos. Parabéns, gostei imenso.

Beijos

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 02/06/2010 22:13  Atualizado: 02/06/2010 22:13
 Re: pânico revisitado
Como sempre sublime a fome dos silêncios verbalizados como que diz adeus.
nuno

Enviado por Tópico
Margarete
Publicado: 02/06/2010 22:14  Atualizado: 02/06/2010 22:14
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 pânico revisitado
"Nos teus ouvidos isto explode
de amor, palavra ampola sob
os astros funcionando Abril á boca das cidades, dos
imperturbáveis muros aos quais as crianças
que de cristais nos punhos acontecem passam,
seus chapéus brevíssimos, os indícios
de nada, o modo de ler, de acender um texto
de amor nos ouvidos, isto explode e entra
nesta página o mar da minha infância, meigo
no modo de lembrá-lo, lê-lo, de acender
de carícias um texto na memória. De astros
as ruas eram cheias que os cuspiam hoje
na minha mãe de outrora, nas crianças de água, nos
pensamentos nenhuns que eu punha em seus joelhos a que os astros acorriam,
minha mãe que arranco ao sono, ás areias virgens
das palavras, que amanhecido eu gero, as mãos
tão de repente em pânico nos muros."

de luís miguel nava


lembrei-me deste poema ao reler o meu. excelente poeta que o xavier me relembrou esta noite.
boa leitura.

Enviado por Tópico
RoqueSilveira
Publicado: 02/06/2010 22:20  Atualizado: 02/06/2010 22:20
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 Re: pânico revisitado
gosto desta ideia sempre em movimento pelo equilibrio ou desequilibrio do desconhecido.
beijo

Enviado por Tópico
Moreno
Publicado: 02/06/2010 22:23  Atualizado: 02/06/2010 22:23
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 Re: pânico revisitado à mar
escreves os sentimentos com uma fome impressionante.

um beijo

Enviado por Tópico
Alexis
Publicado: 02/06/2010 22:54  Atualizado: 02/06/2010 22:54
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 Re: pânico revisitado para mar
nem preciso de te dizer nada.ambas sabemos.

abraço,mar.

alex