Com um simples vestido preto, eu nunca me comprometo

Sempre de bem, sempre de mal
Com um simples vestido preto
Lacinho ali, lacinho acolá
Eu nunca me comprometo
Não me contem entre os camuflados
Que o meu nome diz tudo
Venho para ser contrário
A todo o triste conteúdo
Inglesismos á parte, assumo
Da minha cara a falsidade
Mas na palavra a verdade
Rumo à mais pura liberdade
Vigilante não serei da pura arte
Sem mordaças e peito aberto
Ainda que em humildes versos
Nego-me a ser areia do deserto
Não sou servil, nem sou modesto
Visto a albarda, pesada herança
Da língua portuguesa pátria,
Com ela canto em passo de dança.
E falarei contra os espúrios
Que a usam em próprio proveito
Sem vergonha e acolitados
Em gritos mudos saídos do peito