Luso-Poemas
 
Poemas : 

«« Cinzas ««

 
Ó cinzas que caiem hirtas,
Porque caem afinal
Não pensem que ficam extintas
Só porque querem, está mal

Submergem as palavras, submergem
Numa euforia, tristonha
E as almas deslizam no trem
De uma ideia enfadonha

Gela em cada um a tristeza
Sem dar conta, o pano cai
Meu deus rezam sem destreza
E deus dorme, como os demais

E num abismo sem fundo
Caem sempre aos trambolhões
Deitam as mãos à cabeça, num grito mudo
Olhem, olhem, como somos campeões

Por adiante, se persegue
Sem tino ou rumo certo
Afinal é pequenino o sinónimo que o segue
Aperto, talvez destino, nublado e encoberto

E eu aqui sem ver nada,
Nada que valha a pena
Ó cinzas que estão tresmalhadas
Por uma qualquer vintena

Se me lerem, e não souberem
O que escrevo afinal,
Quem sabe me compreendem
Se escrever sobre o banal

Mas disso não sou capaz, gosto de escrever sob cinzas
Imagino-me num vulcão, um rio de lava vermelha.

Antónia RuivoOpen in new window
















Era tão fácil a poesia evoluir, era deixa-la solta pelas valetas onde os cantoneiros a pudessem podar, sachar, dilacerar, sem que o poeta ficasse susceptibilizado.

Duas caras da mesma moeda:

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Antónia Ruivo
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Enviado por Tópico
RoqueSilveira
Publicado: 06/06/2010 11:41  Atualizado: 06/06/2010 11:41
Membro de honra
Usuário desde: 31/03/2008
Localidade: Braga
Mensagens: 8104
 Re: «« Cinzas ««
e aqui apareces sentada no vulcão das palavras, prontas a entrar em ebulição.
beijo


Enviado por Tópico
AnaCoelho
Publicado: 06/06/2010 11:49  Atualizado: 06/06/2010 11:49
Membro de honra
Usuário desde: 09/05/2008
Localidade: Carregado-Alenquer
Mensagens: 11253
 Re: «« Cinzas ««
A tua poesia é sempre chama acesa

Beijos


Enviado por Tópico
Nanda
Publicado: 06/06/2010 14:08  Atualizado: 06/06/2010 14:08
Membro de honra
Usuário desde: 14/08/2007
Localidade: Setúbal
Mensagens: 11076
 Re: «« Cinzas ««
Antónia,
A tua poesia é imensamente rica de conteúdo.
Beijos
Nanda

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