Poemas : 

«« Multidão ««

 
Carrego a esperança
Num gesto ofuscado
Numa impermeabilidade demente
Matizo os meus dias de cores toscas
Não reparas, ninguém repara
Todos passam apressados
Como se o dia definhasse
Eu mantenho-me imóvel
Numa estranheza passiva
Apetece-me gritar
Mas garganta não tenho
Apetece-me correr
Acabei de partir as pernas
Quem sabe possa voar
E assim lá do alto acenar
Até à exaustão
Mas…
Nesse dia será tarde
Tu não me viste
Ninguém me viu
E eu acabarei por me afogar
No grito que me sufocava

E assim acabarei por renascer
E passarei a ser eu que não te vejo
Nem vejo as gentes que passam a correr.

Finalmente passarei a ser mais um
Numa multidão gasta
Onde todos perfazem nenhum.

Antónia RuivoOpen in new window


Era tão fácil a poesia evoluir, era deixa-la solta pelas valetas onde os cantoneiros a pudessem podar, sachar, dilacerar, sem que o poeta ficasse susceptibilizado.

Duas caras da mesma moeda:

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Autor
Antónia Ruivo
 
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Enviado por Tópico
VónyFerreira
Publicado: 14/06/2010 10:13  Atualizado: 14/06/2010 10:13
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Usuário desde: 14/05/2008
Localidade: Leiria
Mensagens: 10301
 Re: «« Multidão ««
Belo poema, Antónia.
Revi-me nele. revi-me
nesse desespero que por vezes nos assola sem que saibamos ao certo a razão.
Beijo
Vóny Ferreira