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Águas negras

 


Meus pés descalços
Percorrem a praia deserta
A areia gelada
Traz-me ao pensamento
A mulher que fui
A pessoa que sou
E as águas negras do oceano
Criam em mim vislumbres
Construídos de vultos, feitos dor
Em poços profundos de desgostos!
Num céu nocturno encoberto

Dispo-me na transição para outro dia!
Como se meu corpo
Pela meia-noite calma
Necessitasse de renovação
Que me fizesse renascer a alma!
Insurjo-me contra
Prisões de amarras emocionais galopantes
De programações do cérebro deprimentes
Costumes de chantagens asfixiantes!

Insurjo-me contra
Multidões de juízes álgidos e obcecados
Num óbice à tristeza veloz
De gestos incontidos acabrunhados!
Entro pelo mar adentro e faço ouvir minha voz

Num abraço reúno-me ao globo de vida que lateja
No abismo metamorfoseado escuridão
A fragrância das algas
O cântico das vagas
São irmãs de infortúnio
Para sempre aliadas de coração!
 
Autor
AnaMariaOliveira
 
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Enviado por Tópico
NEUSA
Publicado: 14/06/2010 19:20  Atualizado: 14/06/2010 19:20
Colaborador
Usuário desde: 19/05/2010
Localidade: Rio Verde - Goiás Brasil
Mensagens: 1431
 Re: Águas negras
Gostei muito desse poema,muitas vezes me sinto pisando em uma areia gelada.
Bjs
NSantos

Enviado por Tópico
Runa
Publicado: 15/06/2010 22:11  Atualizado: 15/06/2010 22:11
Colaborador
Usuário desde: 24/04/2010
Localidade: Santo Antonio Cavaleiros
Mensagens: 1174
 Re: Águas negras
Um canto triste e sombrio, mas muito belo e profundo. Gostei das tuas águas negras, embora lhes tenha sentido o gelo.

Beijo

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 16/06/2010 19:37  Atualizado: 16/06/2010 19:37
 Re: Águas negras
Ola Ana

Gelei ao ler este poema. Imagens fortes e gritantes num poema soberbo.

Adorei a leitura


Beijo azul