Meu corpo é frágil, só o Espírito me acalenta em noites como esta,
noites de Alma negra, decomposta pela emoção que se alastra, como chama feroz por dentro de mim.
Queria ter-te aqui, no olhar da minha face, o teu sabor agreste em meus lábios mortos, que já não têm crepitação, nem calor, pois a minha forma é perene e desaparece, lenta, com o vento frio.
É nestas noites escuras da Alma que tudo se modifica,
o meu amor, quando não te amo, mas te quero,
a minha dor, quando não me dói, e dói quando não estás,
a minha alma, que parece maga, e tudo magnifica.
Os vermes, por dentro, que se queixam do odor putrefacto de emoções e devaneios já deveriam estar agora sepultados.
Uma ressurreição em mim depois do sepulcro.
Uma pedra que se roda e deixa à mostra teu corpo nu aveludado,
sem lençol que te cubra ou mortalha que te alimente os ossos.
É nestas manhãs, ladeadas por ciprestes cinzentos, machucados pela ausência de ti na última noite, que aumenta o meu desejo de morrer em mim uma vez mais, para te poder desejar e dar-te tudo o mais que de mim desejas.