Textos : 

rua de r.

 


. façam de conta que eu não estive cá .





devo dizer-te r. que todas as noites te vejo passar a rua, sempre pelo mesmo lado, alentas o passo ao chegar ao fundo. mãos fundas nos bolsos, cigarro no canto da boca, olhar passageiro. devo dizer-te r. que a rua é, toda ela, um pedaço estreito de asfalto com fachadas de casas quase mortas. a minha casa é a segunda, na primeira janela do lado esquerdo espero-te eu com as cortinas entre os dedos e o medo entre o coração. sempre soube que virás uma noite destas matar-me. devo dizer-te r., devo dizer-te, que espero uma morte feliz.






 
Autor
Margarete
Autor
 
Texto
Data
Leituras
751
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
2 pontos
2
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 14/07/2010 11:56  Atualizado: 14/07/2010 11:56
 Re: rua de r.
continuo a seguir a tua escrita, embora nem sempre me comente.Tento circular por dentro das emoções que a tua palavra me traz, parece-me encontrar a tua inquietação, o colete que te aperta, os silêncios que terás sozinha, a ânsia de horizontes, um olhar longo para dentro de ti porque é dentro de ti que tens os outros.

um beijo

Enviado por Tópico
sampaiorego
Publicado: 14/07/2010 12:08  Atualizado: 14/07/2010 12:08
Membro de honra
Usuário desde: 31/03/2010
Localidade: algures virado para o mar com gaivotas
Mensagens: 1147
 Re: rua de r.
quem espera sempre espera – essa rua está virada para norte? muda as cortinas para o lado de fora. talvez assim o r. seja obrigado a espreitar. talvez perceba que as ruas servem para se fazerem nos dois sentidos. para cima e para baixo. para o interior e para o exterior

beijo

sampaio(r)ego