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Morte no trabalho...

 
Prólogo

Era um dia 7 de setembro,
ele, vítima de um contumaz desprezo
pela vida humana

soltou o seu grito, de dor,
que vem do peito,
de um verdadeiro herói...

sobrevivente da trágica história
das relações capital x trabalho,
silenciaram seus precisos
e delicados gestos,

mas, não haverão de calar
sua voz de luta e liberdade,
e, era um 7 de setembro,

como foram e virão outros dias
da verdadeira independência
que tanto perseguimos...

A história começa com um sonho...

Éramos tantos,
ao longo destes anos, camaradas
de tantas jornadas país afora,
amanhecendo com o romper da aurora...

lutando, suando para construir
um país para nossos filhos
Lobato proclamando:
“O Petróleo é nosso”

acreditando que esta pátria,
gigante por natureza despertaria
em um grande salto
para o futuro de nossa gente.

... E termina com uma tragédia.

Rumando para o terminal, sete horas,
outras tantas pela frente, riscos, perigo,
em intermináveis tarefas extras, serões,
e o sol por testemunha no poente...

e na longa noite,
de sono entrecortado, pelo sentimento
de responsabilidade, os sonhos acontecem
como curtas histórias e sobressaltos...

no desfilar dos dias
e estações, na rotina cotidiana,
no pulsar do coração, no pêndulo vital
que aponta o horizonte...

na incerteza destes dias, quem somos?
o que de fato fazemos e produzimos?
se na trajetória de nossa vida,

Este precioso elemento - o trabalho -
não tem sua exata dimensão e valor...
privado? terceirizado?

o que será então desta dor,
que nos arrasa e mutila
de quem será então a culpa?

pelos graves e hoje terceiros danos
públicos? estatais? estarão nos contratos,
nos tratos, nos atos...

sete vidas, quiçá tenhamos
para sobreviver às condições
em que desenvolvemos nossa labuta,

sem tempo para refletir, reunir, discutir,
resta-nos a solidariedade, pois lembrando
Chaplin, homens é que somos....


AjAraújo, o poeta humanista, poema escrito em setembro de 1998, em homenagem ao Sr. Otávio, vítima de um acidente que lhe custou os dois braços.


 
Autor
AjAraujo
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