Poemas : 

A Maldição de Cronos

 
Open in new window

Não comerás do pão o miolo que te alimenta
E nem beberás do vinho o fermentado que te embriaga,
Não olharás nos olhos a luxúria que te deseja
E nem sucumbirás ao prazer da carne que te enleva.

Caminharás com o peso de teu corpo
A ventilar ao leu os sonhos que não cumpriu
Levarás contigo, de um lado, o fardo da culpa
E do outro o da frustração.

Sentirás no peito o peso dos amores desfeitos
E te assombrarás com os amores que não viveu,
Olharás sempre ao chão onde pisa,
Pois não haverá mais horizonte para onde seguir.

Tragarás os teu erros como julgo
E as vitórias como uma perene lembrança
E te fadigarás com o porvir
Porque o porvir já bem conheces e aguardas.

Destino amargo e cruel te reservo, pobre homem,
Que tem o bastão da vaidade e da ambição
Como o deus que oras a cada dia que se passa
Para acordar na insanidade do pó ao que volverás.

São Gonçalo, 19 de junho de 2010.


www.romulonarducci.blogspot.com







 
Autor
RomuloNarducci
 
Texto
Data
Leituras
2032
Favoritos
1
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
14 pontos
6
0
1
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
sir Arthur
Publicado: 19/07/2010 13:07  Atualizado: 19/07/2010 13:07
Participativo
Usuário desde: 16/01/2008
Localidade: São Paulo
Mensagens: 33
 Re: A Maldição de Cronos
Belas palavras! Uma visão um pouco assustadora do tempo. Mas esta é um maldição, não é? Que ela não chegue a nós tão cedo!


Enviado por Tópico
samanthabeduschi
Publicado: 19/07/2010 14:00  Atualizado: 19/07/2010 14:00
Da casa!
Usuário desde: 09/07/2009
Localidade: Curitiba - Brasil
Mensagens: 426
 Re: A Maldição de Cronos
Como no mito... somos comida do tempo. Gostei muito do teu texto!

Beijos
Samantha


Enviado por Tópico
AnaMartins
Publicado: 19/07/2010 14:58  Atualizado: 19/07/2010 14:58
Colaborador
Usuário desde: 25/05/2009
Localidade: Porto
Mensagens: 2220
 Re: A Maldição de Cronos
Formidável o texto! Um texto desconcertante, porém real sobre o tempo implacável que não dá tréguas.

Voltarei com toda a certeza.
Beijo.