Poemas -> Reflexão : 

BEBENDO O MAR DA INSANIDADE

 
 


Um gesto coíbe a lágrima:
A glória e a angústia se amalgamam,
Se entrelaçam, se abraçam, se procuram, se misturam,
Se mastigam, se adaptam, se compactam, se fecundam,
Se masturbam e se adicionam hirsutos
Ao sabor dos pensamentos mitômanos, confusos,
Gerando uma insólita & desvairada
Alegria atormentada em relação
Ás aquarelas assenzaladas quais sequestram,
Flagelam ou sepultam
O oceano fluente pelo cérebro á beira
Do abismo profundo.


Ah, pensar também
Que integro o elenco
De reféns desta maré maligna:



Ora como um espectador impotente
Por não poder ser reativo
Quando a peçonha da violência,
Da cobiça e da autocracia
Preda a candura ---- até então,
Mantida incólume ainda, quanto
Á sua alma, á sua lírica arquitetura ---
Pois a consciência sente a dolência
De viver em infinita clausura;


Ora sentindo o amargor
De fruta cítrica
Da amorosa sensaboria
Fazendo malsãs investidas,
Cheias de sedução e aleivosia
Contra a aurora da fantasia
Quando a arte da conquista
Vira planeta em sangria;



Ora completamente imerso
Na piscina labiríntica
Do meu mundo-ego,
Hades onde
Os demônios --- apátridas
Da indulgência e da fidalguia ---
Castram-me o combustível qual alimenta,
De maneira apaixonadamente feroz e fidedigna,
A fogueira ativista contra o império da hidra,
Além de devorar --- tal se fosse
Um cardume celerado
De famintas piranhas assassinas ---
O lume do farol que mantém viva e fortifica
A energia do Corcel da tranquilidade assertiva,
Da solar lira!


Ah, não desejo mais
Que o nosso destino
Caiba --- de modo conciso ---
Na palma da mão
Do vácuo empedernido:


Ao contrário,
Espero incansável
Que a manhã-mor
Do equinócio auspicioso ecloda,
Portando consigo o sol do denodo,
Do arco-íris onde mora o regozijo do sonho,
Da flora, da fauna, da via Láctea do ouro,
Da Poesia que liberta a Mente do Povo!


Mas o império da pedra
Mostra o verdadeiro timoneiro
Do navio da realidade:


Ele ostenta a face
De canções quais assassinam a jocosa tarde
E levam ao templo do abate
O carcereiro da catástrofe.


Então minha rijeza
Vira mármore:
A poesia cuja centelha
Irrompe do Rio São Francisco
Dos meus versos
É catarse trôpega, lôbrega, estéril:
A realeza maior dos tétricos cemitérios!

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA







SOU NATURAL DA CIDADE DO SALVADOR, BAHIA. NASCI EM JUNHO DE 1982.
NA VERDADE, SOU UM MENTECAPTO QUE TROPEGA PELAS
ALAMEDAS DA POESIA.
http://twitter.com/jessebarbosa27
http://www.myspace.com/nirvanapoetico
http://poetadorjesse.zip.net/
http://si...

 
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jessébarbosadeolivei
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 04/09/2010 12:25  Atualizado: 04/09/2010 12:25
 Re: BEBENDO O MAR DA INSANIDADE
Gostei de beber deste mar. Um poema Maior quanto a sua arte de escrever. Sinto-me pequena quando contemplo a verdadeira arte da escrita!

Beijo azul

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 04/09/2010 13:18  Atualizado: 04/09/2010 13:18
 Re: BEBENDO O MAR DA INSANIDADE
senti este poema como "o último dia de um condenado" de Victor Hugo...fantástico.

beijo