Poemas : 

Balada de um homem acompanhado

 
Que triste é a alegria
Que lhe enche o âmago
E açoita o estômago
Com as farpas que digeria
À sucapa dos olhos gerais.

Envinagrado, o cheiro,
Cresce sempre mais
E envolve-o por inteiro
Bordando-o em ferida.

Nunca se sentiu sozinho,
Era dos que vivia a vida
Comendo-a bocadinho a bocadinho
Sem que olhasse a avisos,
Sem que se detivesse em cuidados
Que lhe pudessem desviar a liberdade.

Fazia-se alegre, a tristeza,
Sempre fina acompanhante de todos os dias
Que ao livrá-lo de mais companhias
Lhe cozia a crueza,
Tão natural à sua raça de rua.

Sem medida, limitava-se a imprecisão
Em passos de alma nua
A colar-se-lhe pela mão,
Amparando as quedas desamparadas
Sobre o alcatrão negro e molhado.

Entre o nascer e o viver
Nunca ninguém o tinha ensinado
Sobre a necessidade de se merecer,
De querer mais do que o que se quer,
De ser mais livre do que se é.

Valdevinoxis

(reescrito)


A boa convivência não é uma questão de tolerância.


 
Autor
Valdevinoxis
 
Texto
Data
Leituras
829
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
1 pontos
1
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
mim
Publicado: 05/09/2010 22:31  Atualizado: 05/09/2010 22:31
Colaborador
Usuário desde: 14/08/2008
Localidade:
Mensagens: 2857
 Re: Balada de um homem acompanhado
Gostei e finalizas muito bem “Nunca ninguém o tinha ensinado
Sobre a necessidade de se merecer”

Beijos