Poemas : 

O direito à diferença

 
Há uma margem desabitada
No preâmbulo da angústia
Sinal indefinido de evidências

Há uma réstia de um sabor
No âmago da discórdia
Contemporizando com a amargura

Há a proveniência
Das decisões discernidas
Na intenção da intocabilidade

Há o fragor
Implícito na abundância
Que aqui se torna de todo descabida

Há um tempo que morre
Na resolução do acabado
Na insanidade do desrespeito

Há outro tempo que ora nasce
No prelúdio da alvorada
Como tonificante para a busca do futuro

Tudo se transforma a preceito
Na evolução das vivências
Às vezes por mero defeito
Ou então nas consistências
Mas cada coisa tem seu jeito
Muito para além das aparências

António MR Martins

2010.09.15


António MR Martins
Tem 12 livros editados. O último título "Juízos na noite", colecção Entre Versos, coordenada por Maria Antonieta Oliveira, In-Finita, 2019.
Membro do GPA-Grupo Poético de Aveiro
Sócio n.º 1227 da APE - Associação Portugues...

 
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António MR Martins
 
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Enviado por Tópico
AntóniodosSantos
Publicado: 15/09/2010 18:58  Atualizado: 15/09/2010 18:58
Colaborador
Usuário desde: 10/12/2008
Localidade: Lisboa
Mensagens: 997
 Re: O direito à diferença
Prezado Poeta e Amigo António Martins

Um belo poema, como uma reflexão de alma...

Com Amizade

António

Enviado por Tópico
Fátima Rodrigues
Publicado: 15/09/2010 21:14  Atualizado: 15/09/2010 21:14
Da casa!
Usuário desde: 03/07/2007
Localidade: Setúbal - Portugal
Mensagens: 464
 Re: O direito à diferença
Um poema que muito apreciei no seu todo, mas retiro esta ultima parte, que a meu ver resumo tudo

"Tudo se transforma a preceito
Na evolução das vivências
Às vezes por mero defeito
Ou então nas consistências
Mas cada coisa tem seu jeito
Muito para além das aparências"

Enviado por Tópico
antóniocasado
Publicado: 15/09/2010 23:37  Atualizado: 15/09/2010 23:37
Colaborador
Usuário desde: 29/11/2009
Localidade:
Mensagens: 1656
 Re: O direito à diferença
Ola
Por uma miríade de razões subscrevo as suas palavras. Quero salientar dois aspectos que sendo grotescos, são reais, infelizmente:
"Há um tempo que morre
Na resolução do acabado
Na insanidade do desrespeito"
APLAUDO DE PÉ!

"Há a proveniência
Das decisões discernidas
Na intenção da intocabilidade!"
APLAUDO DE PÉ!

A questão primária nem é o direito à diferença, mas o direito à igualdade. Todos, teoricamente, somos iguais perante a lei. Todos, praticamente, somos excluídos de fazer a lei. O cumprimento dela própria está subordinado a vários princípios e a sua aplicação a diversos status. A lei morre dentro do seu princípio rocambolesco obrigacionista quando não é geral. Quantos exemplo não poderia apresentar aqui? Quando contesto com a minha escrita a justiça comum, a justiça social, a justiça poder, tem que ver com isso mesmo.
Se a balança e a venda a representam, apenas posso alegar que a balança está viciada e a venda rota!
Mas como o amigo poeta diz:
"Cada coisa tem seu jeito
Muito para lá das aparências"

Um abraço
antóniocasado