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O PIQUENIQUE DA D. NANCY

 
O PIQUENIQUE DA D. NANCY
 
D. Nancy, festeira como sempre, inventou dessa vez, um piquenique. Foi o maior rebuliço na rua, todos queriam participar, e ela já teve que seus planos mudar...
Ela, que iria apenas com seus familiares, que já encheriam uma van inteira, mas, teve que transformar em um passeio para toda a vizinhança, em ônibus alugado para essa ocasião.

No dia marcado, todos estavam afoitos e falando muito, um domingo que estavam esperando ser ensolarado, mas não foi assim...
O dia amanheceu claro, e as expectativas do passeio eram muitas...
D. Nancy teve que organizar os grupos familiares para entrar no ônibus. Depois de tudo pronto, (o que não foi fácil), ela deu o seu ok para o motorista, e lá se foram...

Muita cantoria pelo caminho, rolava até um pagodinho... Bem ao gosto dela!
Muitas brincadeiras fizeram dentro do ônibus, enquanto ele seguia o seu percurso até o local do piquenique. Ela escolheu um lugar quase inexplorado ainda por turistas, na restinga.
Eles não sabiam onde ficava, seria surpresa, para toda aquela moçada!

A restinga era bem perto da praia, e quem quisesse se aventurar e fazer uma caminhada até lá...
Desceram do veículo, meio que desanimados com o lugar, ao perceberem que não tinha infraestrutura, nada havia por lá...

Não era como uma "Quinta da Boa Vista", onde se tem banheiros, lanchonetes, trenzinho, museu...
D. Nancy não havia explicado isso, seria uma aventura quase exploratória, um pequenique ali.
Sem falar nos lagartos, bois, cobras da região...
Foi quando as perguntas começaram então...

E sua filha Jéssica, para ajudar, começou à responder as questões... O primeiro, foi o próprio irmão, o Carlison:
_ E onde é que o povo vai estender as toalhas para o piquenique, aqui só tem mato para todo lado, mas nada de lugar aberto, para a gente colocar as coisas...
_ Calma Carlison, mamãe já esteve aqui antes, deve saber direitinho onde tem uma clareira para a gente ficar e começar o nosso piquenique...

D. Nancy, tentava acalmar o pessoal, que estava já fazendo um círculo em sua volta:
_ Gente, gente! Por favor, eu sei onde vamos ficar! Tem uma clareira bem ali, é só me acompanhar...

E seguiram D. Nancy.
O lugar tinha uma vista bonita: Um rio à frente onde se viam três pescadores sobre a ponte, na tentativa de conseguir alguma coisa...
Embaixo de uma árvore frondosa, abriram as toalhas de xadrez. As crianças já corriam de um lado a outro, e os ânimos enfim se acalmaram...
Mas uma forte rajada de vento, anunciava a mudança de tempo...

O pessoal do pagode, começava a animar o povo. D. Nancy ficou mais tranquila. Mas Carlison, como sempre, já colocava uma "pilha":
_ Olha mãe, não sei, mas o tempo vai mudar... Esse vento chato, é chuva que vai cair na certa!
_ Cala a boca, Carlison, e vem me ajudar a tirar o resto das coisas do ônibus!
_ Tá bem, mas depois não diz, que não avisei...

D. Nancy também estava preocupada, pois havia notado a mudança do tempo, mas não queria admitir para ninguém. Tinha medo de outros, terem notado também...

Jéssica e Rosineide, ficaram mais amigas depois do aniversário, e agora faziam tudo juntas...
Estenderam uma toalha, e retiravam as sobremesas do piquenique, das cestas, para serem expostas aos comilões de plantão...
D. Mercedes e D. Nancy, cuidavam de tirar as cervejinhas e os refrigerantes do isopor, para servir. E os rapazes do pagode, se dividiam entre a música e o churrasco...
Os jovens faziam um grupo, as crianças outro, e as mães cuidavam para que tudo desse certo.
Os mais idosos, ficaram jogando dominó e baralho...
A vontade de urinar começou, mas para os homens isso é fácil de resolver, ainda mais no mato! Mas as mulheres...
Isso se resolveu, uma fazendo "paredinha" para outra, em local mais reservado.
Muita cantoria, brincadeira de roda, comida, uma boa "pelada" de futebol, mas o tempo virou...
A chuva começou rapidamente, e foi um corre corre para lá e para cá, todos recolhendo o que podiam bem acelerado...
Entraram no ônibus, e esperavam que a chuva fosse passar, mas ledo engano!
Só ficou a piorar...

O vento forte também chegava, e as árvores balançavam freneticamente. Dando a idéia que seria um temporal demorado...
D. Nancy já se arrependia, da idéia do passeio. Afinal, deveria ter consultado a previsão do tempo! Esse era seu maior receio...

Ela pediu ao motorista que tomasse o caminho de volta, pois sabia que não passaria nem tão cedo, a chuva que caía sem dó nem piedade, para sua tristeza, e de toda a sua comunidade...

O homem manobrou o ônibus, e seguiu pela estrada de terra batida, mas a certa altura, ele atolou na lama, formada pela chuva incessante. Aí que a "coisa ficou preta", muitos tiveram que descer do veículo, e empurrar, para ele desatolar...

As crianças dentro do ônibus começavam a chorar, as mães tentavam acalmá-las. Até que finalmente tudo melhorou, e conseguiram partir dali...
D. Nancy estava muito chateada, nunca tinha tido uma experiência tão ruim... Sua filha vendo sua mãe abatida, disse:
_ Ora mamãe, a culpa não é sua! Quem iria adivinhar, que o tempo mudaria, assim tão rápido?
_ O Carlison me avisou... Eu que não dei ouvidos, ou não queria acreditar...
_ Ai, o meu irmão! Vai ver que foi a boca dele então!
_ Filha, não fala assim... O Carlison é um bom menino, não iria falar por mal.
_ Mãe, sabe de uma coisa? Melhor mesmo ter acabado tudo cedo, e estarmos de volta...
_ Mas por quê, Jéssica?
_ Melhor a segurança do lar, do que ser picado por cobra ou qualquer bicho de lá...
_ Isso é verdade, tinha muitos bichos! E até bois soltos passaram por nós, várias vezes...
_ Ah, mas ainda bem que não tinha ninguém de vermelho entre nós!
_ Sei lá Jéssica, não sei não, eu estou de "regra", vai que boi gosta de menstruação...

Fátima Abreu
 
Autor
FátimaAbreu
 
Texto
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1809
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