Poemas : 

NO DIA EM QUE JULIETA MORREU

 
No dia em que Julieta morreu
Cedeu com ela e com seu corpo
Uma alma consumida pela chaga
Sobremesa amarga
Que te leva
Que te perde
E nunca te traz a casa

No dia em que Julieta morreu
As flores continuaram perfumando
O ar que não enche agora teu peito
As tuas mãos foram buscando
Mas mais esperto esse sujeito
Fez-se de certo
Afogou-te no leito

Tu foste fácil para ele
Foste atraído pelo cheiro
Da pele nova nunca tocada

Julieta é nome do revólver carregado
Com a bala envenenada

No dia em que Julieta morreu
Logo apareceu o insano conceito
Do pobre que rouba rico para tocar na sua amada

No dia em que Julieta morreu
Veio essa peste que eu não aceito
Inundar a boca imunda que tão bem estava calada

Tu achas que sabes amar
Mas tenta antes respirar
O teu corpo é tão mais perfeito enquanto respiras
Do que ao cair no precipício do qual te atiras

Tu não foste feito para achar segundo sentidos
Tu perdes-te no meio desses medrosos gemidos

No dia em que Julieta morreu
Deus também chorou
Para que pudesses dizer que ele é bom

No dia em que Julieta morreu
Nos céus uma canção ecoou
Que hoje cantas sem saber o certo tom

Tudo isto aconteceu
Num dia em que estive fora

No dia em que Julieta morreu
Eu só cheguei a tardia hora
Quase de bêbado caído
Quase tão perdido
Como tu que choravas

No dia em que Julieta morreu
Eu dormi sem o ruído
Das promessas que rasgavas
Das cartas que queimavas

Tudo isso junto ardeu
No dia em que Julieta morreu

 
Autor
Breike
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