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A Voz do Silêncio

 
A Voz do Silêncio

Não, não quero o silêncio
Rejeito a soledade.
Não logro ver aí a verdade
Prefiro ouvir os sons
Os timbres da humana voz
E por que não o toque dos sinos
Às Trindades
Nessa quebra dos silêncios
Sinto mais a minha verdade
Mais integrado na barca
Que carrega a humanidade.
Tenho medo da sobranceria
Essa que nos coloca distantes
E segue a estrada do silêncio.
Ainda que este de bom tom
Da moda nos ditames
Prefiro, insisto
Ouvir dos homens a palavra
Da mulher os cantos da sereia

Antonius

 
Autor
luciusantonius
 
Texto
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Enviado por Tópico
GeMuniz
Publicado: 28/11/2010 23:35  Atualizado: 28/11/2010 23:35
Membro de honra
Usuário desde: 10/08/2010
Localidade: Brasil
Mensagens: 7283
 Re: A Voz do Silêncio
Olá Lucius Antonius. Gostei muito deste teu poema. É uma maneira de ver a vida e as suas relações. Eu por meu jeito som bem bipolar neste assunto. Por vezes procuro a total solidão e em outros o murmurinho e companhia das pessoas. Mas a sobranceira nãp é boa em qualquer dos estados. Apreciei.

abraço

Enviado por Tópico
Ledalge
Publicado: 28/11/2010 23:36  Atualizado: 28/11/2010 23:36
Colaborador
Usuário desde: 24/07/2007
Localidade: BRASIL
Mensagens: 6868
 Re: A Voz do Silêncio
Olá Lúcius,

Poema dos mais belos e tocantes.

Abraço

Enviado por Tópico
rosafogo
Publicado: 29/11/2010 00:26  Atualizado: 29/11/2010 00:27
Usuário desde: 28/07/2009
Localidade:
Mensagens: 10437
 Re: A Voz do Silêncio
Enorme é o previlégio de ler o amigo. A solidão em demasia tende a nos trazer desespero ou ansiedade, então tem que haver um equilíbrio, também há alturas em que a solidão é um bem para reorganizar os pensamentos, procuro sempre não deixar instalar demasiado o silêncio essa é que é a verdade.
Boa a leitura lhe agradeço a oportunidade, com bons poetas se aprende sempre muito, se reflecte.

Um abraço Poeta amigo
da natalia - rosafogo

Enviado por Tópico
ÔNIX
Publicado: 29/11/2010 15:47  Atualizado: 29/11/2010 15:47
Membro de honra
Usuário desde: 08/09/2009
Localidade: Lisboa
Mensagens: 2683
 Re: A Voz do Silêncio
Tenho um livro, quer dizer, uma espécie de livro ainda em fase de rescaldo a que lhe dei este título. Talvez porque de muitos silêncios se consiga verbalizar e trazer para os não silêncios, outras vozes. Gosto de certas vozes extraídas de silêncios profundos, de um acordar para a vida, onde os sons se façam ouvir, e a timidez seja só uma face rubra a ultimar os verbos de outrem, como a que deu voz a um livro seu "Os Segredos de Luciana":
"...recosta a cabeça no duro da preguiceira e fica num torpor, paredes meias com o sono. O acordar é perturbador, tanto como os sonhos que lhe congestionaram a mente exausta..."

No entanto há muitas vozes quando, o realizável, é uma nova ordem, que se faz faz ouvir bem no final deste conto:

“…Há coisas que são para não serem ditas. Mas eu quero que, algum dia, fique tudo dito entre nós, ainda que, aquilo que algum dia sonhamos para a realidade, fique a existir no mundo dos projectos irrealizáveis..."

Celebrar a vida, é cantá-la e festejá-la “pela vida fora” como diz na verdade Sílvia.


Gosto de passar por aqui…continuo, devagar, mas lendo

Abraço-Vos


Dolores Marques

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 01/12/2010 01:43  Atualizado: 01/12/2010 01:44
 Re: A Voz do Silêncio / Antonius
"Não, não quero o silêncio, rejeito a soledade"

Este seu belo poema de recusa à mudez/surdez
ergue-se porque encontrou o momento para dialogar
com a humanidade-mesmo calado,mas de ouvidos bem abertos-.
O receio da sobranceria ou das distâncias com que a respectiva pode silenciar "a voz dos homens", "os cantos das sereias" é sintoma duma dialéctica atenta e cuidada , tão emergente quanto "dos sinos/As Trindades".

Perdoe, caro poeta Antonius se porventura fiz uma
leitura errada deste seu belo Voice Of Silence.

Grato pela leitura que me proporcionou.

Abraço.