soltou-se uma limalha
do gume mal afiado
de uma faca canalha
bradida sobre um calado...
soltou-se ao raspar num osso
preso dentro de um peito
que continha um colosso
repulso e sem jeito,
o enorme desajeitado,
encolhia e inflamava
com corte de morte cravado
nas pancadas que o coração dava...
desajustado por provocação
mas soldado desde semente,
o siamês, inconho, chegado irmão
fenecia, caído em solo dormente...
oh lira que se lhe deu escrita
ao silêncio esfaqueado por sombra
de um corpo dado à desdita
por palavras que já ninguém lembra...
oh morte que mataste nova,
rasgando pele, ossos e tudo,
os resquícios fugídios da prova
que se cinge à voz do dono que é mudo...
morreu a lira...
o estro que nasce e foge
quando a alma se estira
para mais longe do que ontem e hoje.
Valdevinoxis
A boa convivência não é uma questão de tolerância.