Poemas : 

PAVANA PARA UM TREM MORTO

 
o trem
tem
o trem

o trem
é
o trem
sem

o trem
traz
o trem
mas
o trem
sem
o trem
jaz

..........

na noite
fria
o trem
chacoalha
o trem
sacode
o trem
não
pode
a lua
coalha
o sol
acode
o trem
não pede
o trem
não pode
o trem
se despe
o trem
despede
o trem
dispara
o trem
explode
o trem
nem pisca
o trem
petisca
o trem
não risca
porque
na busca
o trem
se assusta
o trem
desponta
o trem
aponta
o trem
apronta
o trem
apita
o trem
divaga
o trem
navega
num mar
de ferro
o trem
se afoga
o trem
naufraga
num mar
de ferro
num mar
de ossos
ossos
de ferro
ossos
de aço
cadê o trem?
cadê o trem?
cadê o trem?
a noite
espanta
a noite
despista
a voz
sinistra
da alma
penada
do maquinista
atrás
do trem

___________
júlio


Júlio Saraiva

 
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Julio Saraiva
 
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Enviado por Tópico
Karla Bardanza
Publicado: 05/12/2010 12:29  Atualizado: 05/12/2010 14:27
Colaborador
Usuário desde: 24/06/2007
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Mensagens: 3263
 Re: PAVANA PARA UM TREM MORTO/para o Ju
Cadê esse trem leão?

Enviado por Tópico
Karla Bardanza
Publicado: 05/12/2010 14:29  Atualizado: 05/12/2010 14:29
Colaborador
Usuário desde: 24/06/2007
Localidade:
Mensagens: 3263
 Re: PAVANA PARA UM TREM MORTO/para o Ju
Esse trem é Rio-São Paulo?Ou vai nos levar pra estrelas?






Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 05/12/2010 15:42  Atualizado: 05/12/2010 15:44
 Re: PAVANA PARA UM TREM MORTO
Olá Júlio

Vc escreveu isto, por certo, acompanhado de toque de cravo, com cheirinho a canela. Porque me fez lembrar o velho comboio a vapor da linha do Corgo que, quando parava na estação de Vidago, tinha que recuar alguns metros afim de ganhar pressão para vencer a ladeira seguinte. Depois andava tão devagar, tão grande já era o cansaço da velhice, que dava tempo a que, no Verão, os passageiros se apeassem em andamento, para apanhar uvas nas vinhas vizinhas e regressarem calmamente aos seus assentos. O cheiro a canela vinha dos deliciosos pastéis de nata, bem polvilhados dessa afamada especiaria e que eram vendidos no bar da estação.

Aplaudo

Abraço