Poemas : 

Salpicos do pensamento

 
Dói o consumo sofrido
Da réstia do acre sabor
Num impasse consentido
Entre as vestes do bom actor
Efémero sentir perdido
Entre a dor do puro amor
Na áurea do assumir retido
De algo para que não há clamor

Sortilégio de seco rancor
Sustentado pela agonia
No suporte da imensa dor
De um dormente estado inerte
O rebanho perde o pastor
Ofuscando toda a sintonia
Num tempo já sem valor
E no semblante a lágrima verte

Sentado num tempo só
Onde visiono a esperança
Com um activo brilho nos olhos

Recordo a tristeza sem dó
Aguardando que a bonança
Emerja de entre os escolhos

António MR Martins

2010.12.21


António MR Martins
Tem 12 livros editados. O último título "Juízos na noite", colecção Entre Versos, coordenada por Maria Antonieta Oliveira, In-Finita, 2019.
Membro do GPA-Grupo Poético de Aveiro
Sócio n.º 1227 da APE - Associação Portugues...

 
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António MR Martins
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 22/12/2010 02:40  Atualizado: 22/12/2010 02:40
 Re: Salpicos do pensamento
Li o seu poema e veio me à memória uma frase de José Saramago em Levantado do chão " Enfim, cá estou outra vez a sonhar como os homens a quem me dirijo", "dói o consumo sofrido", "no suporte da imensa dor" ou "recordo a tristeza sem dó". Perfeito o final "Aguardando que a bonança/emerja de entre os escolhos". Gostei. Um Abraço e Bom Natal.

Enviado por Tópico
AnaCoelho
Publicado: 22/12/2010 07:35  Atualizado: 22/12/2010 07:35
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Localidade: Carregado-Alenquer
Mensagens: 11253
 Re: Salpicos do pensamento
Salpicos certeiros de um pensamento que sente.

Beijos