Poemas -> Introspecção : 

VERSOS OBLÍQUOS

 

Nunca soube o que é ser-se,
de mim, para mim!
O que sou? Porque vim?
Se há aqui algum ter-se, a haver-se?

E, em contradição,
bate forte, um coração.

Quem me olha, quanto penso? –
Que, a pensar, levo a vida,
sem grande contra-senso,
que não ela própria, indevida.

Eras, de eras, a passar –
futuros, presentes e passados –,
são como heras, a medrar,
das paredes, aos chãos, enfaixados.

Também os nossos jardins,
devem ser, a todos, abertos –
onde pululem os jasmins,
algumas arcadas, feitas de abetos.

E crianças a sorrir, na macia infância,
no cais, ao longe, e ao critério
das águas, não têm discrepância,
são como flores, e ao seu mistério.

Mas este, nunca estar contente,
este sono, que mi alma, chama,
vem, inútil, como que num repente,
quando o entardecer, em vão, clama.

E escrevo versos, parecidos
comigo, para que mos reconheçam,
quando, aéreos, são paridos,
em partos sem dor, o tanto, que vençam.

Como miles estrelas, no firmamento,
descendo o monte, se clareia,
tudo tem, seu inútil, alinhamento,
e há quem chame coisa bonita, ou feia.

Feio, é o que se esconde ou olvida,
necrológio, que aos olhos, fere –
inda que fútil, a vida é para ser vivida,
não cessem a vontade, que ela gere!

Jorge Humberto
08/01/11


 
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jorgehumberto
 
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